quarta-feira, 27 de julho de 2011

Capítulo 2: Os gremlins vermelhos.



Alef decide contar a Izzven , Grahan e Aelar sua missão de salvar a cidade desse surto de fúria, mesmo contra a vontade de Nyx, o que o deixa nervoso:
-E é por isso que estamos aqui. Somos investigadores e ficamos encarregados de saber o que aconteceu com a praga, tenho certeza que Lady Alice pagará bem, afinal ela é uma Lady. Nyx e eu queremos saber se vocês não querem se juntar a nós... Como um grupo de aventureiros, tenho certeza que as habilidades de vocês são incríveis!
- Eu estou contra tudo o que é maligno e será uma honra juntar-me a um grupo tão nobre! – Anuncia Izzven, colocando as mãos no peito em sinal de honra.
-Por mim tudo bem. – Diz Aelar secamente – Temos negócios a tratar aqui não é mesmo Grahan?
-Absolutamente. – Responde seriamente.

Dia 1 de Tarsakh de 1479 DR – Equinócio de Primavera de Faerûn

O sol acorda nossos heróis com seus raios quentes, é final do inverno e ele começa a aparecer e aquecer as terras do norte timidamente, a chegada do sol anuncia o festival  do plantio e o equinócio de primavera. Os habitantes de Everlund estão tímidos com os acontecimentos recentes e o festival que foi organizado para esse ano foi cancelado, devido aos jovens presos e o medo de acontecer alguma coisa. Os ritos foram reduzidos à individualidade de cada família, templo ou taverna...
Nos salão de entrada da Estalagem Drugnah, construída de madeira com uma bancada e assentos para receber os clientes, os personagens se reúnem:
-Bem meus amigos! Teremos que ir à torre do mago Aborak... Deixe-me pegar o papel... Ah! Aborakius! Dizem que ele pode saber mais sobre essa praga. Mas ele não está lá, fugiu para se tornar um druida na floresta alta. Quem habita a torre é seu pupilo, precisamos encontrá-lo! – Começa Alef com todos os outros no salão, menos Aelar que está parado vendo um anúncio pregado no mural da estalagem.
-O que foi Aelar? – Pergunta Alef.
-Uma tal de Alexia, uma alquimista, precisa de casca de árvore negra para fabricar um estoque de poções, ela paga 40 moedas de ouro pelo serviço. Eu já comi, então irei até lá para acertar os negócios com ela. Você vem Grahan?
-Sim. – Ele responde andando calmamente com Aelar até a saída.
-Então! Iremos à torre?  - Pergunta Alef. Recebendo como resposta um aceno de cabeça de Izzvenn.

As horas se passam junto com o resto do dia, e quando chega a tardinha os personagens se aproximam da torre de Aborákius. A torre tem 3m de uma base rochosa moldada naturalmente, cheia de musgo, com uma escada de madeira em espiral que leva até uma plataforma de pedra onde começa a torre, que tem 18m de altura e vai se afinando até o pináculo, ela tem portas de madeira reforçada e janelas em arco ogival.
- Chegamos, onde será que Aelar e Grahan se meteram... Eles estão demorando!
- Podem estar negociando com Alexia, ainda. – Responde Izzven, que logo é interrompido por Nyx:
-Yeck! Não precisamos esperar por eles. Vamos subir logo!
-Sim! Concordo com o Nyx. Vamos subir.
As portas se abrem quando eles sobem as escadarias, e os heróis se entreolham impressionados. As escadarias vão em direção a outra porta.
-Essa não vai abrir igual à outra? – resmunga Nyx assim que chega à frente da porta e não pode ver através da abertura, que está muito alta.
- Hum! Não sei, vamos bater.  Toc, toc, toc – Alef bate na porta enquanto Izzven fica atento para algum possível perigo, ele nunca esteve na torre de um mago antes.
Passos podem ser ouvidos quando finalmente alguém abre a porta: um garoto aparentando uns 16 anos branco, ruivo, cheio de sardas, vestindo uma roupa azul com chapéu e sapatos pontudos. Ele olha para os personagens assustado:
-O que.. o q... o que vo..vocês estão fazendo aqui?
-Viemos procurar por Aborákius! – Anuncia Alef.
-Hum... ah... – Presto parece não saber o que dizer.
-Porque não nos deixa entrar, para que conversemos melhor? – Sugere Izzvenn
-Ah... Sim! Entrem!
O salão da torre é grande em forma de círculo, abarrotado de bugigangas e apetrechos mágicos e estranhos que congestionam a sala. Uma escrivaninha cheia de pesados livros empoeirados adornam a sala e um corvo está atento observando os personagens que entram cautelosos no salão que aparenta estar vazio, apesar da presença de Presto.
-Como podem ver Aborakius na...não está aqui. Ele se tornou um Druida e agora vive na... Bem! O que vocês querem com ele?
-Queremos saber exatamente o que você ia dizer. –Alef coloca a mão no queixo.
- Queremos perguntar sobre esse surto de fúria que está acontecendo. – Completa Izzvenn. Presto hesita em dizer alguma coisa, o que inflama a ira de Nyx, que puxa o gorro para os olhos em sinal de nervosismo e fica se sacudindo:
- Yeeeck! Vamos! Fale logo! Não seja um maricas!
-Acalme-se Nyx, deixe o senhor Presto pensar. – Alef tenta acalmar Nyx enquanto presto se mostrando assustado diz:
-Aborákius não estava conformado com a vida na cidade. Há alguns meses ele falava coisas sobre maus presságios e decidiu partir para se tornar um druida na floresta alta, ele habita o bosque Lyemberth e faz ocasionais visitas ao povoado de Brinth, depois do rio, especialmente em homenagens ao deus Cernnunnos*. Mais alguma co...co...coisa?
-Não! Era tudo o que precisávamos! Até a vista Presto! – Alef se despede empolgado descendo as escadarias junto a Nyx e Izzven. Este olha para trás:
-Obrigado. – Diz ele cordialmente para Presto, que acompanha os heróis com os olhos atentos e preocupados...

Eles encontram Aelar e Grahan no caminho de volta, durante a noite.
-Já negociamos com Alexia, não conseguimos aumentar o preço da recompensa, mas vamos para a floresta amanhã ao raiar do dia, colher as cascas de árvore. Falaram com o mago? – Pergunta Aelar.
- Sim! Quer dizer, com o aprendiz dele, Presto. Ele nos disse que o mago foi viver como druida no bosque Lyemberth, na floresta alta. Aproveitaremos tudo, enquanto estamos procurando por ele no bosque vamos colher as cascas de árvore que precisamos para dar a Alexia. – Responde Alef.
- Ela precisa deles para fabricar um conjunto de gelo alquímico, que estará disponível para venda depois – Completa Graham.
-Estou com sono! – resmunga Nyx.
-Acalme-se pequenino, logo estaremos na estalagem e dormiremos – diz Izzvenn que é logo interrompido por Alef:
-E faremos uma deliciosa refeição! Passei o dia todo andando pela cidade, estou faminto!

Dia 2 de Tarsakh de 1479 DR – Primavera de Faerûn e dia do festival do plantio.

Ao amanhecer o clima na cidade é de tristeza, as ruas que normalmente estariam em festa por causa do festival do verão estão sem cores, sem vida, sem movimento. Os heróis acordam, se alimentam, se vestem e partem para o vilarejo de Brinth, que fica do outro lado do rio Rauvin.
Depois de atravessarem a ponte da cidade os heróis chegam ao vilarejo de Brinth. Podemos contar nos dedos quantas construções existem em Brinth, dez: uma taverna (o jarro e a taça), uma torre de pedra com a roda de moinho, e mais outras oito casas de pedra com telhado de palha, que cercam um espaço no centro do povoado onde há um poço. Parado de frente para a vila está um velho com roupas sujas com uma expressão preocupada olhando de um lado para outro como se esperasse alguém.
-Vê aquele velho. Podemos perguntar a ele o que aconteceu com o mago, ele deve ser o ancião da vila – Alef se apressa e fala para o ancião:
-Senhor ancião, deixe-me apresentar! Sou Alef Drake viajante! Eu e meus amigos procuramos por Aborákius um druida que agora vive no bosque Lyemberth, o senhor o viu?
-Ah não vi! – responde o velho, como se estivesse apressado e nervoso.
-Ele está com algum problema, parece nervoso e inquieto – Grahan sussurra quase para si. Izzvenn vai até o senhor e diz:
- Está precisando de alguma coisa senhor? Parece-me preocupado...
-Sim responde o senhor olhando para o horizonte, eu tenho um problema, estou preocupado com minha filha a senhorita Helliot. Eu temo que ela esteja perdida na floresta com essa praga, os animais estão morrendo e não conseguimos vender nada para a cidade, são tantos os problemas que não consigo ficar em casa parado, mas sou muito velho para ir até a floresta procurar minha filha.
-Quanto a sua filha fique tranqüilo, nós estamos indo para a floresta e me comprometo a trazê-la sã e salva. – Diz Izzvenn colocando as mãos no peito sobre a armadura, fazendo os velhos e enrugados olhos do senhor encher d’água.
-Não sei como agradecer, fariam mesmo isso por mim!? – Diz ele emocionado.
-Espere! Você disse que os animais estão morrendo? – Aelar se aproxima e questiona.
-Sim, deixe-me explicar melhor. Venham comigo...
Os heróis o seguem até um pasto cercado onde animais com as bocas sujas de uma tinta roxa exalando um cheiro doce, estão mortos:
-Meu nome é Gerno. Há dois dias os animais estão aparecendo assim, espiei durante a noite e vi criaturas feias menores que um hin**, vermelhas, carecas com dentes afiados e eles seguravam facas de cristal. Pela manhã senti um cheiro muito bom, quando fui ver o que era encontrei os animais assim, e eles continuam até hoje. Ontem minha filha desapareceu e eu não sei o que fazer, Aborakius deveria estar aqui hoje pela manhã, mas ele não veio, estou esperando ele para começar a cerimônia do festival do plantio...
-Velho tolo! Essas criaturas são gremlings vermelhos***, eles vivem em Feéria Escura e são servos dos drow e fomorianos. – Diz nyx nervoso.
-Hum! Já li a respeito no Forte da Vela!Os gremilins vermelhos se reproduzem de maneira assombrosa, e já nascem prontos para servir, por isso os fomorianos os criaram fazendo experimentos com gnomos. Eles devem ter se libertado da servidão em Feéria escura... Mas como?
-Não temos tempo para especulações, precisamos ir até a floresta, muito os aguarda lá. – encerra Grahan.
-Salvaremos sua filha. Não se preocupe senhor Gerno e desculpe-nos pelo Nyx, é o jeito dele.
Eles partem para o sul, e Aelar vai por último atento a tudo, observando cada detalhe do ambiente ao seu redor, sem chamar a atenção dos demais...

Os personagens caminham pelas planícies verdejantes e uma fina chuva começa a cair. As árvores da paisagem vão se tornando cada vez mais freqüentes e num piscar de olhos, eles entram numa floresta densa e escura, cheia de amoreiras e carvalhos com galhos retorcidos, alguns são tão antigos que seus galhos dão voltas em espiral penetrando e cortando toda a floresta. A grama é baixa e os arbustos com flores em tons de roxo já começam a nascer anunciando a primavera, um cheiro muito doce exala no ar, silvos e cantos como os de vozes doces podem ser ouvidos distantes.
-Esse lugar é estranho – Diz Izzven incomodado.
-Um pedaço do reino de Feéria nesse mundo – Diz Aelar agachado ao chão procurando alguma coisa.
-Sem dúvida um local fascinante! Digno das mais belas poesias... Até um ogro se inspiraria aqui... – diz Alef contemplando a floresta.
-Deixe de ser exagerado bardo! Você deveria estar acostumado a isso, seu povo vem daqui, ou pelo menos metade da sua família – Diz Nyx que ri sozinho.
Por aqui! – Aelar corre floresta à dentro sendo seguido calmamente por Grahan:
-Vamos, ele achou o caminho.

Seguindo Aelar os pjs são levados até uma clareira cortada por um precipício de 4,5m de uma ponta a outra, unidos por uma ponte de corda e madeira velha. Logo uma fumaça densa rosada e um cheiro muito doce e perturbador podem ser sentidos, assim como o som de gargalhadas agudas.
-O que é isso?! – diz Izzvenn desembainhando sua espada e brandindo seu escudo.
-São eles! Os gremilins vermelhos, esse cheiro é característico deles! Meus amigos, cuidado! Saquem suas armas! – Alerta Alef em tom poético.
Depois que a fumaça se desfaz seis criaturinhas pequenas vermelhas e agitadas surgem diante dos heróis, quatro delas seguram facas de cristal e usam tangas de pele de coelho e as outras duas seguram lanças com ponta de cristal amarradas em um bastão de carvalho.
-Vieram perturbar nossa liberdade! Ounsh! YeeecK! Acabem com eles!
Aelar saca o arco e atira rapidamente duas flechas, uma delas acerta o pé do gremilin que explode em sangue fazendo-o cair da ponte de madeira. E com a rapidez de um gato ele saca as espadas, pronto para o perigo iminente.
Nyx inicia a preparação de algum feitiço, ele entoa uma canção baixa e murmura consigo mesmo segurando sua varinha firmemente.
Alef aponta a espada para um dos gremilins na ponte e grita: “Caia criatura das trevas!”, ao ouvir isso a criatura parece ser atingida por um aríete, seus ouvidos sangram e ela cai da ponte gritando. Aelar empunha firmemente sua espada e corre para a ponte.
Um dos gremilins avança para atacar Alef, que corre com a adaga na mão em direção a ele e ao invés de atacá-lo salta sobre ele caindo do outro lado do precipício sendo recebido por um poderoso golpe de espada de Graham, que ao entoar uma prece baixa faz sua espada brilhar desintegrando o gremilin. Outro gremilin sorri na outra ponta para Alef e ele sabe que o perigo se aproxima, o gremling esta cortando as cordas da ponte para derrubá-la, quando Alef vira para trás para tentar escapar, a corda arrebenta e ele cai segurando a ponte, ouvindo a gargalhada do gremilin.
Izzvenn toma impulso numa corrida saltando o precipício: “Queimem com o sopro sagrado de Bahamut!”, a espada dele é inflamada por um fogo branco e ele acerta um dos gremilins, queimando-o. O gremlin lanceiro se apressa para vingar seu companheiro e atacar Izzvenn para tentar derrubá-lo do precipício, quando Nyx grita apontando a varinha: “Que as trevas de minha mente tornem-se veneno no seu corpo!” e a cabeça do gremlin incha e explode antes que ele consiga atacar Izzvenn.
Grahan ajuda a subir Alef, que só sofreu alguns arranhões, Izzvenn salta sobre o precipício carregando Alef e Nyx, enquanto Aelar e Grahan já estão do outro lado.
-Existem mais deles, devemos prosseguir com cuidado – Diz Aelar caminhando floresta adentro...

NOTAS

*Decidi mudar o nome de Silvanus, pelo menos no vilarejo. Cernnunnos aqui é igual o da mitologia céltica: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cernuno - Gosto de fazer isso, pois sempre achei Ferûn um mundo muito ligado aos deuses . Na 4 ed. eles reduziram drasticamente o número de deuses e não gostei disso.
** Hin é o termo usado em Ferûn para designar os Halfling (hobbits) .
***Inventei os Gremlins vermelhos e usei as estatísticas de góblins para variar um pouco. Inclusive a ecologia deles, portanto nenhuma informação (pelo menos até onde eu conheço) não pode ser encontrada em lugar nenhum.

3 comentários:

  1. Ótimo capitulo!
    Lamento até hj o fato de não ter havido o bendito festival da primavera...
    Whatever! =/

    O nosso Presto é AZUL! XD

    ResponderExcluir
  2. Legal!
    Agora o negócio vai começar a esquentar, tá muito bom. Essas postagens vão ajudar pra caramba na hora de lembrar de fatos que ocorreram em eventos anteriores. O ritmo de atualizações das postagens está muito bom, continue assim, esperemos mais leitores.

    ResponderExcluir
  3. neah! to tentando postar tudo até nossa próxima sessão de jogo com Leandro! Se der tudo certo e o tempo me ajudar consigo! o/
    valeu os comentários gente!

    ResponderExcluir