domingo, 7 de agosto de 2011

Capítulo 3: O resgate de Aborakius



Ainda na floresta encantada nossos heróis vagam através de uma parte mais densa, onde é difícil enxergar bem e os silvos e cantos ficam cada vez mais encantadores. Por horas os personagens caminham no bosque que parece não ter mais fim, eles já caminharam por 5 horas e não encontraram sinal de cabana ou Gremlins, muito menos de Aborakius.
                - Muito bem! Estamos andando há horas e nada de achar ninguém! O que está havendo - diz Alef se sentindo confuso.
                - Será que estamos sendo enganado por alguém? – Pergunta Izzvenn desconfiado.
                -Sim! A floresta está nos enganando, estou tentando achar a saída desse labirinto feérico... Lamenta Aelar.
                - Sou a favor de uma parada para comer! Acho que todos estão com fome não é mesmo?! – Alef retira as provisões da mochila e divide com os demais, que se encostam a uma árvore para dividir os pães e biscoitos secos que ele trouxe.
                - Eu sei como encontrar a saída – resmunga Nyx causando a revolta de todos.
                - Por que não disse isso antes Nyx? – Aelar grita revoltado.
                -É preciso seguir os Silvos das fadas, mas como sei que elas são traiçoeiras, nos levarão para o perigo. Estava esperando outra solução vinda do elfo. Detesto ter que depender das fadas! Argh! Yack!
                - Dito isso é melhor nos apressarmos, precisamos encontrar logo Aborakius e resolver esse problema da praga – Diz Grahan se levantando e caminhando calmamente, seguido de Aelar que usa seus sentidos aguçados para saber a direção dos cantos e segui-los.
                - Eu entendo você Nyx, é orgulhoso como eu – Izzvenn diz a Nyx, que em troca vira a cabeça em sinal de desdém e prossegue.
                - Não fique irritado com o Nyx, no fundo ele é uma boa pessoa! – Diz Alef tentando amenizar as coisas.
                -Não sei, sinto algo de estranho emanando dele, mas como detesto julgar pelas aparências, não me precipitarei – Reflete Izzvenn deixando Alef confuso.

                Guiados por Aelar os heróis chegam até uma área da floresta onde eles conseguem ouvir o barulho de água, Aelar vai à frente para assegurar que o caminho está livre. Ele se move agachado até alguns arbustos e acena para que os outros se aproximem. A visão é espetacular. Um lago cristalino e calmo parece repousar sobre o lençol de musgo e rochas que se espalham por essa clareira, ao redor desse lago juncos e folhagens estão dispostos formando um santuário feérico. Ainda há uma névoa de cor esverdeada coroada de pequeninas luzes bruxuleantes, essa névoa tem um cheiro doce e agradável e através dela é possível ver uma gruta com uma cortina de água que cai de um córrego no alto da gruta. 
                - Fascinante! – Diz Alef impressionado.
                - É melhor entrarmos, pode ser que Aborakius esteja lá! – Diz Izzvenn que caminha cuidadosamente até a gruta, seguido dos outros. Grahan vai por último observando cuidadosamente o local.
                A gruta é pequena e tem cerca de cinco metros quadrados, as paredes são esculpidas com relevos em espirais e curvas e uma piscina de água cristalina se acumulou no centro dela, no meio da piscina uma rocha com uma espada cravada em sua superfície, gravada com uma inscrição em élfico diz:

                Uma dança feia aos olhos da donzela,
                               Porque nela há sangue.
                Uma dança bela aos olhos do guerreiro,
                               Porque nela há sangue.
                Uma dança feia que o fraco não conhece,
                               Uma dança mortal.
                Uma dança suja, mas para o guerreiro honrado ela é sempre limpa!

Aelar lê em voz alta para os demais.

                - Hum! Parece algum tipo de charada! – diz Alef animado, enquanto todos parecem pensar na resposta.
                - Deixe-me pensar também...
                - Bah! Não tenho tempo para charadas! – Nyx senta e abaixa o gorro na altura dos olhos.
                Depois de algum tempo pensando Aelar vai até o pedestal e diz em voz alta:
                - A batalha!
                As inscrições brilham e a rocha quebra, e uma espada suja e muito velha cai na água.
                - Brilhante! – Diz Alef contente segurando a espada: Não parece especial, está tão velha e suja, no fim o mago não está aqui, mas tenho certeza de que esta espada guarda muitas lendas.
                - Parece mundana, mas com certeza não é, e você sabe disso Alef, uma vez na vida não tente ser modesto!
                - Nyx eu nunca consigo te entender! Hahaha! – Alef e Izzvenn riem de Nyx que fica furioso e sai da caverna. Seguido de Grahan e Aelar, sérios como uma rocha.
                - Vamos Izzvenn nobre draconato! És o único com senso de humor por aqui! – Alef e Izzvenn se apressam em sair da caverna.

                Ao sair da gruta os heróis tomam de volta a trilha, conduzidos por Aelar. Ele caminha a passos leves, quase sem fazer barulho mais à frente dos outros. Até que ele pára e faz sinal para que os outros escutem:
                O que ele está fazendo?!- diz Alef.
                Shhhh! – sibila Aelar, que anda agachado pedido para que os outros o sigam.
                Ouçam o som de tambores...
                Aelar está certo. Quando os heróis prendem a respiração conseguem ouvir o barulho frenético de tambores e gritos agudos e rasgados vindos de algum lugar da floresta que só ele sabe de onde vem. Aelar conduz os outros até uma clareira onde há um buraco enorme, neste buraco 12 gremlins vermelhos tocam tambores improvisados com peles de animais e “lâminas de madeira”; eles se organizam em círculos e há uma fogueira grande no centro, onde animais foram assados. Uma névoa púrpura cobre o chão e no alto de uma elevação rochosa uma pedra serve de assento para a bela senhoria Helliot que está nua, em posição fetal cheia de marcas profanas desenhadas grosseiramente na sua bela pele branca como o leite, ao lado dela está um gremlin maior que os outros, ele usa um gorro acinzentado e peles de animais, segura um cajado de carvalho negro com a ponta de uma cabeça de boi.
                Aelar acena para os outros sinalizando uma emboscada e parte: silencioso, rápido e mortal para atacar o primeiro Gremlin que encontra pela frente. Um, dois, três gritos horrendos de dor, um braço uma perna e finalmente uma cabeça! Aelar segura suas espadas gêmeas ensangüentadas fitando firmemente o gremlin mandingueiro. Ao meio de gritos e pragas proferidas pelos gremlins uma luz branca é vista por trás da fogueira:
                -Caia perante a força de Bahamut, bestas malditas! – Izzven acerta sua espada carregada com uma energia branca pulsante num dos gremlins e logo em seguida segura o ar, toma uma posição e sopra uma rajada de chamas que incinera alguns gremlins, fazendo-os gritar de dor antes de perecerem em cinzas. Do outro lado Grahan parte para cima dos gremlins, pára diante deles e ergue sua enorme espada aos céus, ele entoa uma prece baixa e suave e quando os gremlins o cercam para atacá-lo ele simplesmente deixa a espada pender e cair numa direção que rasga o chão, criando uma fissura, desta sai uma luz branca que se divide e serpenteia pelo campo de batalha alvejando dois gremlins que soltam suas facas de cristal enquanto agonizam à sombra da chama prateada que os preenche com vingança de Kelemvor. Logo em seguida Alef entra no campo de batalha brandindo sua espada, e apontando-a para os gremilins, que tentam atacá-lo por todos os lados, mas logo são impedidos por uma voz perturbadora. Alef profere uma canção de poder e seu brado se torna um trovão que derruba seus inimigos, inconscientes ao chão. Nyx corre pela borda do buraco por entre as árvores e aponta sua varinha de carvalho preparando um feitiço. E assim a luta continuou por mais tempo do que o esperado. A cada gesto do gremlin mandingueiro, nasciam mais gremlins, como se surgissem de um portal no meio do nada. E em meio aos gritos de dor da Senhorita Helliot eles se tornavam cada vez mais numerosos.
                -Não vai acabar nunca! – Diz Izzven se aproximando de Aelar.
                -Não vai acabar a menos que o líder deles seja destruído, ele está criando mais gremllins! – Diz Alef do outro lado, quando um clarão púrpura rasga o ar e parece que vai atingir o feiticeiro que num movimento rápido e impiedoso faz um gesto com o seu cajado e o raio atinge um dos gremlins próximos!
                -Maldição! Grita Nyx impressionado – Meus ataques não funcionam, dêem um jeito de atacá-lo corpo-a-corpo! Imbecis! Yeck!
                Os gremilins estão ficando cada vez mais numerosos e agora representam uma grande ameaça aos nossos heróis, eles saltam sobre Aelar, Izzven e Grahan rasgando-os com suas facas de cristal, eles são rápidos e difícieis de acertar quando em maior número, e esses três já estão cansados e sem energia para continuar:
                - Precisamos abrir caminho para o feiticeiro! – Diz Izzvenn ofegante, Alef corre abrindo caminho no meio de um mar de gremlins, usando a canção e a espada, ele também está cansado e diz:
                - Vocês têm um plano?
                - Aelar, Alef e eu iremos abrir caminho para Izzven usar a força de Bahamut no feiticeiro, tenho certeza de que ela o destruirá! – Grahan diz se esquivando dos ataques dos gremlins, acenando a cabeça em sinal positivo. Logo Aelar se põe à frente e começa a saltar por entre as cabeças dos gremlins , pouco antes de cortá-las e seguir à diante usando-as como apoio. Alef levanta o escudo para se defender dos ataques dos gremlins, e os ataca pelo lado direito com golpes de sua espada trovejante! Do lado esquerdo Grahan, confiando e entoando preces sagradas à Kelemvor, imbui sua espada com o sangue dos gremlins, a espada parece se alimentar desse sangue e brilhar com a energia da vingança, partindo os inimigos e abrindo caminho por entre um mar de criaturas vermelhas e sibilantes. Finalmente Izzvenn se resguarda na proteção de seu escudo enorme, entoando uma prece ao Dragão Prateado, a silhueta branca da cabeça de Bahamut brilha em seu escudo enquanto ele caminha vitoriosamente pelo mar de sangue bestial dos gremlins! Quando se encontram a menos de cinco metros de distancia, o feiticeiro grita:
                - Que a escuridão da noite de feéria negra caia sobre vocês! Hahahaha! – Logo uma nuvem negra se forma diante dos heróis e derrama uma chuva de ácido verde e causticante! Aelar tenta esquivar saltando para trás, mas é alvejado pelo ácido que lhe arranca gritos de dor enquanto cai ao chão. Alef se protege em seu escudo, mas não escapa do cheiro ácido deixado pela nuvem que se espalha rapidamente pela clareira! Grahan fica protegido da nuvem por uma espécie de escudo invisível que o circunda e não deixa que a fumaça passe. Nyx olha atentamente toda a situação e auxiliando Aelar e Alef ele atira seus raios mágicos nos gremlins sobressalentes que se aproximam, sedentos de sangue!
                Para o feiticeiro a vitória é quase certa ele ri em comemoração à queda dos heróis, eis que, por entre a fumaça ele enxerga uma luz branca na forma da cabeça de um dragão prateado!
                - Olhe bem para esse símbolo verme maldito, pois nunca se esquecerás dele! No inferno! – Izzven salta sobre o feiticeiro que fita-o atônito, chamas brancas ardentes cercam os dois instantaneamente, Izzvenn o golpeia no meio da testa dividindo-o em duas partes que são consumidas rapidamente pelo fogo branco que se formou.O nobre draconato cai ao chão cansado e com todo o seu corpo quente coberto de fumaça, enquanto os gremlins se transformam em poeira feérica, púrpura e com cheiro doce.

                Alef olha o campo de batalha e seu amigo elfo caído, sofrendo com o ácido, e mesmo muito cansado para se levantar ou falar qualquer coisa consegue reunir forças para cantar uma canção na língua dos seus ancestrais:

Here we stand, swords in hand
Freedom's signs we'll defend
Still we fight, side by side
To the battle we ride

                Esta canção acalma os ânimos dos heróis e ajuda no descanso, quando Alef canta uma nota mais alta, com mais vigor luzes misteriosas cercam os heróis refrescando sua carne, curando seus ferimentos e lhes devolvendo o vigor de outrora. Aelar se levanta seguido dos outros enquanto Izzvenn corre em direção à senhorita Helliot envolvendo seu corpo marcado e ferido entre mantos pesados em seus braços escamosos. Ela ainda está inconsciente, mas parece estar melhor depois da canção de Alef:
                - Ela está bem! Só um pouco ferida, se sentirá melhor quando acordar. E não se preocupem, pois eu a carregarei! – Diz Izzven orgulhoso por ter salvo a pobre donzela.
                - Vamos procurar o mago, precisamos nos apressar! – Aelar corre floresta à dentro, seguido pelo andar calmo e paciente de Grahan, Nyx e Alef conversando e Izzven carregando a senhorita Helliot....

Notas
Queria colocar bastante drama nesse combate com os gremilins, pois eles estavam numa situação problemática tendo que tomar cuidado com a vida da senhorita Helliot enquanto lutavam com uma horda de Gremlins.
Eu gosto muito da idéia dos mínions, eles proporcionam uma experiência nova de jogo, são muito dinâmicos. O grupo estava sem um controlador o que dificultou um pouco (esse é o ponto fraco deles hehe!).
Eu usei uma musica chamada Taranis do Omnia, é muito divertida, porque é como se fosse um ritual de invocação mesmo, com tambores e gritos: http://letras.terra.com.br/omnia/1448915/