quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Capítulo 4: Mais problemas, mais aventuras.

A floresta parece menos perigosa agora e enquanto os heróis andam tranquilamente pelo bosque, Aelar pára o que está fazendo e faz sinal para que os outros parem. Ele parece procurar avidamente perto de algumas árvores com o caule negro que encontrou pelo caminho. 
   - Ele está procurando pelas cascas de árvore negra que Alexia pediu - Nyx alerta os outros.
   - Achei - Aelar volta com uma bolsa contando as lascas  e se dirigindo ao caminho que ele encontrou - vamos! Ainda temos que achar o mago...


 Caminhando pela floresta silenciosa os heróis chegam até uma clareira onde podem avistar a cabana de Aborakius, ela é pequena e está "abrigada" por um carvalho imenso que faz sombra em seu telhado de palha. A cabana possui uma chaminé, porta e janelas de madeira e aparência aconchegante, a não ser pelo fato de estar vazia: nenhuma criatura parece existir dentro do círculo de Sal que envolve a cabana:
   - Olhe lá! A cabana, eu cuido do círculo de sal pessoal - Alef se aproxima para entoar um feitiço e Aelar dá cobertura para ele:
   
   Maldita poeira aprisionadora!
   Seja minha inspiradora
   Sopre vento! Sopre! 
   E liberte Aborakius deste encantamento!


   Uma brisa suave leva o sal para longe, e subitamente ouve-se um barulho vindo de dentro da casa. Todos com a mão direita em suas bainhas... A porta está abrindo lentamente, ela range. De dentro da casa sai uma figura de estatura mediana vestindo trajes amarelos por baixo de uma túnica de peles marrom, ele é careca com uma barba desgrenhada prateada que chega à altura de seu cinto. Em uma mão ele segura um orbe púrpura e na outra um cajado de carvalho encrustado com uma esmeralda na ponta, ele caminha lentamente em direção aos heróis, como se estivesse falando sozinho, logo ele se aproxima:
   - Oh! Bravos heróis eu voz agradeço pelo salvamento! Hum... Deixe-me chegar mais perto, preciso vê-los melhor - ele ri baixinho.
   - Ele parece um velho babão - Nyx cochicha para Grahan que não esboça nenhuma reação. 
   - Hum! Ora vejam só! É um grupo de heróis um tanto incomum - o velho Aborakius mostra seu sorriso de dois dentes amarelados tentando ser engraçado.
   - Quem é essa moça no seu colo? Como ela é bonita! - os olhos do mago brilham em felicidade por ver uma moça, ainda que inconsciente.
   - Mestre Aborakius de onde esses gremlins vieram? - Alef pergunta interrompendo a contemplação de Aborakius pela jovem.
   - Sim! Os gremlins! Estou certo de que eles vieram de um portal que abriu repentinamente há duas semanas atrás - ele pára de falar repentinamente e contempla a floresta e o ar ao seu redor maravilhado até que com um estalar de dedos Alef faz o mago voltar de onde quer que tenha ido:
   - Eh! Continuando, hum... de onde foi que eu parei?
   - O portal se abriu há dua semanas atrás - resmunga Aelar sem paciência...
   - Ah! Lembrei! Sim, e nesse momento eu lutei contra os gremlins, mas eles eram muitos e eu sou muito velho - ele sorri novamente - eles disseram algo sobre buscar uma virgem nos arredores e comemoravam por estar livres, com certeza eles escaparam da servidão em feéria escura. Eles me prenderam dentro de minha própria cabana e roubaram meus componentes mágicos, não pude fazer magia de libertação sem eles.
   - Coincide exatamente com o início do surto de loucura! Fantástico! - Diz Alef animado.
   - Bem lembrado Alef, agora precisamos sair daqui e entregar a senhorita Heliott para Gerno, seu avô. No caminho falaremos mais - Izzven caminha na frente com Alear que lhe dá cobertura enquanto os outros seguem-nos. 
   
   Durante a caminhada pelo bosque Lyemberth, agora seguro:
   - Mestre Aborakius, viemos ao seu encontro porque precisamos de sua ajuda - Aborakius parece estar distraído, mas contempla a floresta diz:
   - Para quê, vocês precisam da minha ajuda. Sou um velho perto da morte não sirvo para nada, abandonei a cidade para terminar meus dias nessa floresta e olhe o que acontece...
   - Mas Mestre Aborakius, o senhor tem muito conhecimento e poder, é um grande mago! Não?
   - Sim meu jovem sou um mago, você pode retirar o 'grande' - enquanto ri baixo e soluçado.
   - E então mestre, o senhor pode ouvir nosso problema?
   - Sim! É claro, embora não possa prometer ajuda...
   Então Alef conta tudo o que está se passando na cidade a Aborakius e sobre sua missão. Depois de caminharem mais um tempo, Aborakius resolve falar, dessa vez seriamente:
   - Existe um jeito de retardar esse efeito sobre os jovens!
   - Que boas notícias, Mestre Aborakius! - Izzvenn exclama animado.
   - Mas que jeito é esse? - Pergunta Aelar.
   - Vocês precisam ser corajosos o suficiente para ir até um local obscuro, antigo e misterioso. Eu falo das catacumbas sagradas, é lá que estão enterrados alguns dos últimos sacerdotes de Mystra que morreram a algum tempo - Aelar olha para Grahan que continua sem esboçar reação nenhuma - esses clérigos são um grupo de meio-celestiais e os ossos deles... ou melhor, as raspas dos ossos deles podem retardar o efeito desse fenômeno sobrenatural, claro, misturado à alguns outros ingredientes que obviamente disponho em meu laboratório com Presto!
   - Então recuperaremos os ossos desses clérigos. Se exumar corpos for necessário para salvar as pessoas dessa fúria que ataca a ordem da cidade então o faremos. - Izzvenn diz olhando para os outros esperando a aprovação deles.
   - Faremos. Eu e o Grahan. Não é mesmo Grahan? - Indaga Aelar, que recebe apenas um aceno de cabeça. 
   Nyx cruza os braços e parece cansado, ele olha para Alef:
   - Era só o que nos faltava, saqueadores de tumba, e o pior! Para saquear ossos! - Alef acerta Nyx com três tapinhas nas costas:
   -Imagine os tesouros escondidos no mausoléu Nyx, deixará você rico! Poderá comprar qualquer coisa! Mulheres, gnomas é claro mas, mulheres. - Nyx abaixa seu gorro e continua andando, Alef, Izzven, Aborakius e até Aelar parecem ter se divertido com Nyx, mas Graham aparenta estar mais sério do que de costume...


Ao chegar na aldeia de Brinth os heróis são esperados por Gerno e sua família que pulam de alegria por verem a senhorita Helliot, que a essa hora já acordou e parece bem melhor que a algumas horas atrás. O crepúsculo, a vila, o rio, e as árvores compõe a paisagem certa para que os heróis vejam o resultado de seu ato de heroísmo. 


Dia 2 de Tarsakh de 1479 DR – Primavera de Faerûn.


   Com a chegada da manhã, Alef acorda cedo disposto a procurar pistas sobre um cartaz que viu quando chegava à Everlund, o anúncio dizia que uma recompensa de 1.000 moedas de ouro era oferecida pela cabeça de Willian D'marcus, um nobre acusado de seduzir e assassinar duas mulheres nobres. Uma vez que está na estalagem do Sr. Drugnah (já que a de Mama Diah foi queimada no incidente com Felícia) ele desce de seus aposentos e enquanto toma seu café da manhã: nozes, pães, mel e chá; se dirige ao Sr. Drugnah, um homem de meia-idade, com uma barba cheia marrom e avental impecável. 
   -Sr. Drugnah! Um bom dia para o senhor, como você está, nessa aconchegante manhã de primavera?
   - Ah, sim vou muito bem, caro hóspede. Como é mesmo seu nome?
   - Alef senhor, receio que não nos conhecemos direito, eu e meus amigos estávamos muito cansados noite passada. Suas acomodações são confortabilíssimas! E a comida então, nem se fala!
   - Que bom que gostou, é Anna, minha esposa, que prepara a comida.
   - O senhor é um homem de sorte, um dia se os deuses me abençoarem com essa sorte casarei com uma mulher tão prendada como a sua - nesse momento Drugnah sorri se enchendo de orgulho, e entre uma mordida de pão e outra Alef pergunta:
   - Senhor, ontem à noite não pude deixar de notar algo sobre o cartaz de procura-se, e o que mais me chamou a atenção nele foi o fato de o infeliz ser um nobre. Um tanto incomum não é mesmo?
   - Sim meu jovem, mas aqui em Everlund nos orgulhamos de ter um governo Justo, Lady Alice e seu clã são conhecidos por serem muito justos e imparciais, eu gosto disso. Sabe, cá entre nós: isso elimina muitos privilégios dos nobres. Eles têm muito dinheiro e em outros lugares normalmente pagariam pela sua liberdade, o que não acontece aqui.
   - Muito interessante - Alef diz enquanto vai anotando algumas observações em seu livro - me desculpe senhor é que como sou um erudito gosto de conhecer e estudar culturas distintas, mas voltando ao assunto, alguém a milícia local já tem alguma pista? Como estão as investigações?
  - Estão complicadas, dizem que ele é uma raposa, e que escapa com facilidade por entre os dedos da lei! Patife, se o pegasse... ahrg. Teria prazer em enfiar uma adaga bem afiada na garganta dele.
  - Todos devem ter esse sentimento.
  - Por acaso você estaria interessado em pegá-lo?
  - Digamos que... sim.
  - Então sei de alguém que pode dar informações bastante valiosas para você. É Gambranth, o chefe da guarda, foi aqui entre uma caneca de cerveja e outra no 10º dia que ele me falou sobre isso.
  - Obrigado então senhor Drugnah! Foi um prazer conversar com o senhor.
  - Não, o prazer foi meu em conversar com um aventureiro tão educado.
  - Até mais!
Enquanto Alef sai da taverna, ele escuta um voz familiar:
  - Fora da nossa vista, menestrel? - Aelar está sentado no telhado, até pouco tempo atrás contemplando o horizonte.
  - Não, apenas estou investigando, nobre Aelar, será bom para todos nós, fique tranquilo!
  - Nós iremos no mercado, preciso achar algum artesão de qualidade nessa cidade que remova arranhões da minha espada, e conserte as armas dos outros. O que será um desafio. Por que não está levando o diabo do Nyx com você, ele é insuportável.
  - Peço que cuide do Nyx por enquanto, fique de olho nele. A propósito estou andando sem minhas armas, se você puder fazer o favor de levá-las para conserto eu agradeço. Mais uma coisa: com certeza você encontrará um ferreiro de ótima qualidade, viajante ou permanente, boa sorte!
   - Boa para você também! - Com uma acrobacia Aelar entra no quarto deixando Aelar pronto para ir.


O sol está brilhando no rosto de Alef enquanto ele atravessa as ruas cheias de mercadores, barracas, carroças, animais de carga, e um ou outro cachorro de rua que insiste em lhe importunar mordendo suas botas. Ele alcança uma escadaria que termina num arco sem decoração alguma e quando vira a esquina de uma imensa coluna de pedra avista uma pequena construção em anexo à muralha da cidade de onde um homem de aparência jovem e limpa, loiro, calvo e com uma barba bem feita, usando uma capa escarlate e uma armadura cor de cobre segurando o elmo vem ao encontro de Aelar:
  -Não circule por aqui garoto, é perigoso! 
  - Com todo o respeito senhor, não sou um garoto, sou Alef Drake, de Portal de Baldur.
  - Hum! Certo, o que procura aqui, Alef?
  - Eu só gostaria de conversar e me informar à respeito do assassino que ronda a cidade.
  - Se você não é nobre, nem mulher não tem o que temer - o homem diz secamente.
  - Para começarmos, qual o seu nome senhor? É verdade que é o chefe da milícia?
  - Meu nome é Gambranth e sim, ou o capitão da guarda de Everlund.
  - Certo Gambranth, eu estou investigando a praga para Lady Alice...
  - Se está investigando a praga porque então raios está procurando saber sobre Willian? Por acaso é a recompensa? Deixe-me avisar uma coisa garoto eu adoraria pegá-lo, mas gente maior que eu parece estar interessado que ele continue vivo, aconselho que desista...
  - Espere! você disse: "Alguém maior que você"?
  - Sim não estou sugerindo nada, mas enquanto eu estava investigando parei no momento em que achei dois corpos das garotas que ele assassinou dentro de um armário de roupas, cavaleiros da guarda pessoal de Lady Alice então disseram que não precisavam de meus serviços a partir daí. E quando menos espero oferecem uma recompensa pela cabeça dele, como se eu fosse um homem incompetente, consegue me entender?
  - Perfeitamente. Isso deve ter ferido completamente sua honra, eu me sentiria muito ofendido. Mas não é por isso que o senhor tem que desistir, encare esse golpe em suas costas como um desafio, e lute pela sua honra! 
  - Você acha? 
  - Sim, senhor Gambranth, não fique irritado, saiba que eu também entrarei nessa busca pela cabeça dele e seremos rivais, encare como uma competição, e quem levar a melhor ganha o dinheiro, e no seu caso... como acho que a honra é mais importante...
  - Você está certo Alef, obrigado! Estava me sentindo mal com isso. Veremos então quem chega primeiro.
  - Tenha astúcia senhor Gambranth! Até a vista! E obrigado pela informação!
  Gambranth acena, e baixa a cabeça como se estivesse pensando...


   Depois de resolver muitas coisas durante o dia, já à tardinha Nyx, Yzzven, Aelar e Grahan voltam do mercado com tudo o que precisam. O crepúsculo é abençoado com um céu alaranjado e acolhedor. Depois de caminharem bastante eles se aproximam da taverna. Quando Nyx tropeça em algo:
  - Aaaargh! Que seja amaldiçoado! Maldição! Maldição! Maldição! - Ele repete freneticamente, até que se ouve uma risada baixa e rouca:
  - Hehehe! Quanto tempo, pequenino, onde está seu amigo menestrél?
  - AH! Então era você! - Nyx saca sua varinha, que brilha com uma energa púpura.
  - Não faria isso se fosse você pequenino, vim para informá-los, hehehe.
  - Não gosto de quem se esconde nas sombras, mas fale miserável. Todos devem ter o direito de dizer palavras, mesmo que sejam as suas últimas. - Diz Izzvenn apoiando suas garras na bainha e com a outra afastando Nyx do homem.
   - Sabias palavras, draconato. Hehehe! Eu vim de longe, trazer uma mensagem, para quem procura pelo perigo de mistérios e segredos ocultos, algo importante será tirado de vocês. E o passado cairá em suas costas novamente, como um turbilhão do tempo prestes a engoli-los. Cuidado! Quando entrarem no turbilhão, jamais escaparão!Hahahaha!
   Grahan já segura seu símbolo sagrado e desfere um golpe mortal contra o homem misterioso. O golpe atinge seus mantos, apenas, deixando-os em farrapos...