quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Capítulo 4: Mais problemas, mais aventuras.

A floresta parece menos perigosa agora e enquanto os heróis andam tranquilamente pelo bosque, Aelar pára o que está fazendo e faz sinal para que os outros parem. Ele parece procurar avidamente perto de algumas árvores com o caule negro que encontrou pelo caminho. 
   - Ele está procurando pelas cascas de árvore negra que Alexia pediu - Nyx alerta os outros.
   - Achei - Aelar volta com uma bolsa contando as lascas  e se dirigindo ao caminho que ele encontrou - vamos! Ainda temos que achar o mago...


 Caminhando pela floresta silenciosa os heróis chegam até uma clareira onde podem avistar a cabana de Aborakius, ela é pequena e está "abrigada" por um carvalho imenso que faz sombra em seu telhado de palha. A cabana possui uma chaminé, porta e janelas de madeira e aparência aconchegante, a não ser pelo fato de estar vazia: nenhuma criatura parece existir dentro do círculo de Sal que envolve a cabana:
   - Olhe lá! A cabana, eu cuido do círculo de sal pessoal - Alef se aproxima para entoar um feitiço e Aelar dá cobertura para ele:
   
   Maldita poeira aprisionadora!
   Seja minha inspiradora
   Sopre vento! Sopre! 
   E liberte Aborakius deste encantamento!


   Uma brisa suave leva o sal para longe, e subitamente ouve-se um barulho vindo de dentro da casa. Todos com a mão direita em suas bainhas... A porta está abrindo lentamente, ela range. De dentro da casa sai uma figura de estatura mediana vestindo trajes amarelos por baixo de uma túnica de peles marrom, ele é careca com uma barba desgrenhada prateada que chega à altura de seu cinto. Em uma mão ele segura um orbe púrpura e na outra um cajado de carvalho encrustado com uma esmeralda na ponta, ele caminha lentamente em direção aos heróis, como se estivesse falando sozinho, logo ele se aproxima:
   - Oh! Bravos heróis eu voz agradeço pelo salvamento! Hum... Deixe-me chegar mais perto, preciso vê-los melhor - ele ri baixinho.
   - Ele parece um velho babão - Nyx cochicha para Grahan que não esboça nenhuma reação. 
   - Hum! Ora vejam só! É um grupo de heróis um tanto incomum - o velho Aborakius mostra seu sorriso de dois dentes amarelados tentando ser engraçado.
   - Quem é essa moça no seu colo? Como ela é bonita! - os olhos do mago brilham em felicidade por ver uma moça, ainda que inconsciente.
   - Mestre Aborakius de onde esses gremlins vieram? - Alef pergunta interrompendo a contemplação de Aborakius pela jovem.
   - Sim! Os gremlins! Estou certo de que eles vieram de um portal que abriu repentinamente há duas semanas atrás - ele pára de falar repentinamente e contempla a floresta e o ar ao seu redor maravilhado até que com um estalar de dedos Alef faz o mago voltar de onde quer que tenha ido:
   - Eh! Continuando, hum... de onde foi que eu parei?
   - O portal se abriu há dua semanas atrás - resmunga Aelar sem paciência...
   - Ah! Lembrei! Sim, e nesse momento eu lutei contra os gremlins, mas eles eram muitos e eu sou muito velho - ele sorri novamente - eles disseram algo sobre buscar uma virgem nos arredores e comemoravam por estar livres, com certeza eles escaparam da servidão em feéria escura. Eles me prenderam dentro de minha própria cabana e roubaram meus componentes mágicos, não pude fazer magia de libertação sem eles.
   - Coincide exatamente com o início do surto de loucura! Fantástico! - Diz Alef animado.
   - Bem lembrado Alef, agora precisamos sair daqui e entregar a senhorita Heliott para Gerno, seu avô. No caminho falaremos mais - Izzven caminha na frente com Alear que lhe dá cobertura enquanto os outros seguem-nos. 
   
   Durante a caminhada pelo bosque Lyemberth, agora seguro:
   - Mestre Aborakius, viemos ao seu encontro porque precisamos de sua ajuda - Aborakius parece estar distraído, mas contempla a floresta diz:
   - Para quê, vocês precisam da minha ajuda. Sou um velho perto da morte não sirvo para nada, abandonei a cidade para terminar meus dias nessa floresta e olhe o que acontece...
   - Mas Mestre Aborakius, o senhor tem muito conhecimento e poder, é um grande mago! Não?
   - Sim meu jovem sou um mago, você pode retirar o 'grande' - enquanto ri baixo e soluçado.
   - E então mestre, o senhor pode ouvir nosso problema?
   - Sim! É claro, embora não possa prometer ajuda...
   Então Alef conta tudo o que está se passando na cidade a Aborakius e sobre sua missão. Depois de caminharem mais um tempo, Aborakius resolve falar, dessa vez seriamente:
   - Existe um jeito de retardar esse efeito sobre os jovens!
   - Que boas notícias, Mestre Aborakius! - Izzvenn exclama animado.
   - Mas que jeito é esse? - Pergunta Aelar.
   - Vocês precisam ser corajosos o suficiente para ir até um local obscuro, antigo e misterioso. Eu falo das catacumbas sagradas, é lá que estão enterrados alguns dos últimos sacerdotes de Mystra que morreram a algum tempo - Aelar olha para Grahan que continua sem esboçar reação nenhuma - esses clérigos são um grupo de meio-celestiais e os ossos deles... ou melhor, as raspas dos ossos deles podem retardar o efeito desse fenômeno sobrenatural, claro, misturado à alguns outros ingredientes que obviamente disponho em meu laboratório com Presto!
   - Então recuperaremos os ossos desses clérigos. Se exumar corpos for necessário para salvar as pessoas dessa fúria que ataca a ordem da cidade então o faremos. - Izzvenn diz olhando para os outros esperando a aprovação deles.
   - Faremos. Eu e o Grahan. Não é mesmo Grahan? - Indaga Aelar, que recebe apenas um aceno de cabeça. 
   Nyx cruza os braços e parece cansado, ele olha para Alef:
   - Era só o que nos faltava, saqueadores de tumba, e o pior! Para saquear ossos! - Alef acerta Nyx com três tapinhas nas costas:
   -Imagine os tesouros escondidos no mausoléu Nyx, deixará você rico! Poderá comprar qualquer coisa! Mulheres, gnomas é claro mas, mulheres. - Nyx abaixa seu gorro e continua andando, Alef, Izzven, Aborakius e até Aelar parecem ter se divertido com Nyx, mas Graham aparenta estar mais sério do que de costume...


Ao chegar na aldeia de Brinth os heróis são esperados por Gerno e sua família que pulam de alegria por verem a senhorita Helliot, que a essa hora já acordou e parece bem melhor que a algumas horas atrás. O crepúsculo, a vila, o rio, e as árvores compõe a paisagem certa para que os heróis vejam o resultado de seu ato de heroísmo. 


Dia 2 de Tarsakh de 1479 DR – Primavera de Faerûn.


   Com a chegada da manhã, Alef acorda cedo disposto a procurar pistas sobre um cartaz que viu quando chegava à Everlund, o anúncio dizia que uma recompensa de 1.000 moedas de ouro era oferecida pela cabeça de Willian D'marcus, um nobre acusado de seduzir e assassinar duas mulheres nobres. Uma vez que está na estalagem do Sr. Drugnah (já que a de Mama Diah foi queimada no incidente com Felícia) ele desce de seus aposentos e enquanto toma seu café da manhã: nozes, pães, mel e chá; se dirige ao Sr. Drugnah, um homem de meia-idade, com uma barba cheia marrom e avental impecável. 
   -Sr. Drugnah! Um bom dia para o senhor, como você está, nessa aconchegante manhã de primavera?
   - Ah, sim vou muito bem, caro hóspede. Como é mesmo seu nome?
   - Alef senhor, receio que não nos conhecemos direito, eu e meus amigos estávamos muito cansados noite passada. Suas acomodações são confortabilíssimas! E a comida então, nem se fala!
   - Que bom que gostou, é Anna, minha esposa, que prepara a comida.
   - O senhor é um homem de sorte, um dia se os deuses me abençoarem com essa sorte casarei com uma mulher tão prendada como a sua - nesse momento Drugnah sorri se enchendo de orgulho, e entre uma mordida de pão e outra Alef pergunta:
   - Senhor, ontem à noite não pude deixar de notar algo sobre o cartaz de procura-se, e o que mais me chamou a atenção nele foi o fato de o infeliz ser um nobre. Um tanto incomum não é mesmo?
   - Sim meu jovem, mas aqui em Everlund nos orgulhamos de ter um governo Justo, Lady Alice e seu clã são conhecidos por serem muito justos e imparciais, eu gosto disso. Sabe, cá entre nós: isso elimina muitos privilégios dos nobres. Eles têm muito dinheiro e em outros lugares normalmente pagariam pela sua liberdade, o que não acontece aqui.
   - Muito interessante - Alef diz enquanto vai anotando algumas observações em seu livro - me desculpe senhor é que como sou um erudito gosto de conhecer e estudar culturas distintas, mas voltando ao assunto, alguém a milícia local já tem alguma pista? Como estão as investigações?
  - Estão complicadas, dizem que ele é uma raposa, e que escapa com facilidade por entre os dedos da lei! Patife, se o pegasse... ahrg. Teria prazer em enfiar uma adaga bem afiada na garganta dele.
  - Todos devem ter esse sentimento.
  - Por acaso você estaria interessado em pegá-lo?
  - Digamos que... sim.
  - Então sei de alguém que pode dar informações bastante valiosas para você. É Gambranth, o chefe da guarda, foi aqui entre uma caneca de cerveja e outra no 10º dia que ele me falou sobre isso.
  - Obrigado então senhor Drugnah! Foi um prazer conversar com o senhor.
  - Não, o prazer foi meu em conversar com um aventureiro tão educado.
  - Até mais!
Enquanto Alef sai da taverna, ele escuta um voz familiar:
  - Fora da nossa vista, menestrel? - Aelar está sentado no telhado, até pouco tempo atrás contemplando o horizonte.
  - Não, apenas estou investigando, nobre Aelar, será bom para todos nós, fique tranquilo!
  - Nós iremos no mercado, preciso achar algum artesão de qualidade nessa cidade que remova arranhões da minha espada, e conserte as armas dos outros. O que será um desafio. Por que não está levando o diabo do Nyx com você, ele é insuportável.
  - Peço que cuide do Nyx por enquanto, fique de olho nele. A propósito estou andando sem minhas armas, se você puder fazer o favor de levá-las para conserto eu agradeço. Mais uma coisa: com certeza você encontrará um ferreiro de ótima qualidade, viajante ou permanente, boa sorte!
   - Boa para você também! - Com uma acrobacia Aelar entra no quarto deixando Aelar pronto para ir.


O sol está brilhando no rosto de Alef enquanto ele atravessa as ruas cheias de mercadores, barracas, carroças, animais de carga, e um ou outro cachorro de rua que insiste em lhe importunar mordendo suas botas. Ele alcança uma escadaria que termina num arco sem decoração alguma e quando vira a esquina de uma imensa coluna de pedra avista uma pequena construção em anexo à muralha da cidade de onde um homem de aparência jovem e limpa, loiro, calvo e com uma barba bem feita, usando uma capa escarlate e uma armadura cor de cobre segurando o elmo vem ao encontro de Aelar:
  -Não circule por aqui garoto, é perigoso! 
  - Com todo o respeito senhor, não sou um garoto, sou Alef Drake, de Portal de Baldur.
  - Hum! Certo, o que procura aqui, Alef?
  - Eu só gostaria de conversar e me informar à respeito do assassino que ronda a cidade.
  - Se você não é nobre, nem mulher não tem o que temer - o homem diz secamente.
  - Para começarmos, qual o seu nome senhor? É verdade que é o chefe da milícia?
  - Meu nome é Gambranth e sim, ou o capitão da guarda de Everlund.
  - Certo Gambranth, eu estou investigando a praga para Lady Alice...
  - Se está investigando a praga porque então raios está procurando saber sobre Willian? Por acaso é a recompensa? Deixe-me avisar uma coisa garoto eu adoraria pegá-lo, mas gente maior que eu parece estar interessado que ele continue vivo, aconselho que desista...
  - Espere! você disse: "Alguém maior que você"?
  - Sim não estou sugerindo nada, mas enquanto eu estava investigando parei no momento em que achei dois corpos das garotas que ele assassinou dentro de um armário de roupas, cavaleiros da guarda pessoal de Lady Alice então disseram que não precisavam de meus serviços a partir daí. E quando menos espero oferecem uma recompensa pela cabeça dele, como se eu fosse um homem incompetente, consegue me entender?
  - Perfeitamente. Isso deve ter ferido completamente sua honra, eu me sentiria muito ofendido. Mas não é por isso que o senhor tem que desistir, encare esse golpe em suas costas como um desafio, e lute pela sua honra! 
  - Você acha? 
  - Sim, senhor Gambranth, não fique irritado, saiba que eu também entrarei nessa busca pela cabeça dele e seremos rivais, encare como uma competição, e quem levar a melhor ganha o dinheiro, e no seu caso... como acho que a honra é mais importante...
  - Você está certo Alef, obrigado! Estava me sentindo mal com isso. Veremos então quem chega primeiro.
  - Tenha astúcia senhor Gambranth! Até a vista! E obrigado pela informação!
  Gambranth acena, e baixa a cabeça como se estivesse pensando...


   Depois de resolver muitas coisas durante o dia, já à tardinha Nyx, Yzzven, Aelar e Grahan voltam do mercado com tudo o que precisam. O crepúsculo é abençoado com um céu alaranjado e acolhedor. Depois de caminharem bastante eles se aproximam da taverna. Quando Nyx tropeça em algo:
  - Aaaargh! Que seja amaldiçoado! Maldição! Maldição! Maldição! - Ele repete freneticamente, até que se ouve uma risada baixa e rouca:
  - Hehehe! Quanto tempo, pequenino, onde está seu amigo menestrél?
  - AH! Então era você! - Nyx saca sua varinha, que brilha com uma energa púpura.
  - Não faria isso se fosse você pequenino, vim para informá-los, hehehe.
  - Não gosto de quem se esconde nas sombras, mas fale miserável. Todos devem ter o direito de dizer palavras, mesmo que sejam as suas últimas. - Diz Izzvenn apoiando suas garras na bainha e com a outra afastando Nyx do homem.
   - Sabias palavras, draconato. Hehehe! Eu vim de longe, trazer uma mensagem, para quem procura pelo perigo de mistérios e segredos ocultos, algo importante será tirado de vocês. E o passado cairá em suas costas novamente, como um turbilhão do tempo prestes a engoli-los. Cuidado! Quando entrarem no turbilhão, jamais escaparão!Hahahaha!
   Grahan já segura seu símbolo sagrado e desfere um golpe mortal contra o homem misterioso. O golpe atinge seus mantos, apenas, deixando-os em farrapos...

domingo, 7 de agosto de 2011

Capítulo 3: O resgate de Aborakius



Ainda na floresta encantada nossos heróis vagam através de uma parte mais densa, onde é difícil enxergar bem e os silvos e cantos ficam cada vez mais encantadores. Por horas os personagens caminham no bosque que parece não ter mais fim, eles já caminharam por 5 horas e não encontraram sinal de cabana ou Gremlins, muito menos de Aborakius.
                - Muito bem! Estamos andando há horas e nada de achar ninguém! O que está havendo - diz Alef se sentindo confuso.
                - Será que estamos sendo enganado por alguém? – Pergunta Izzvenn desconfiado.
                -Sim! A floresta está nos enganando, estou tentando achar a saída desse labirinto feérico... Lamenta Aelar.
                - Sou a favor de uma parada para comer! Acho que todos estão com fome não é mesmo?! – Alef retira as provisões da mochila e divide com os demais, que se encostam a uma árvore para dividir os pães e biscoitos secos que ele trouxe.
                - Eu sei como encontrar a saída – resmunga Nyx causando a revolta de todos.
                - Por que não disse isso antes Nyx? – Aelar grita revoltado.
                -É preciso seguir os Silvos das fadas, mas como sei que elas são traiçoeiras, nos levarão para o perigo. Estava esperando outra solução vinda do elfo. Detesto ter que depender das fadas! Argh! Yack!
                - Dito isso é melhor nos apressarmos, precisamos encontrar logo Aborakius e resolver esse problema da praga – Diz Grahan se levantando e caminhando calmamente, seguido de Aelar que usa seus sentidos aguçados para saber a direção dos cantos e segui-los.
                - Eu entendo você Nyx, é orgulhoso como eu – Izzvenn diz a Nyx, que em troca vira a cabeça em sinal de desdém e prossegue.
                - Não fique irritado com o Nyx, no fundo ele é uma boa pessoa! – Diz Alef tentando amenizar as coisas.
                -Não sei, sinto algo de estranho emanando dele, mas como detesto julgar pelas aparências, não me precipitarei – Reflete Izzvenn deixando Alef confuso.

                Guiados por Aelar os heróis chegam até uma área da floresta onde eles conseguem ouvir o barulho de água, Aelar vai à frente para assegurar que o caminho está livre. Ele se move agachado até alguns arbustos e acena para que os outros se aproximem. A visão é espetacular. Um lago cristalino e calmo parece repousar sobre o lençol de musgo e rochas que se espalham por essa clareira, ao redor desse lago juncos e folhagens estão dispostos formando um santuário feérico. Ainda há uma névoa de cor esverdeada coroada de pequeninas luzes bruxuleantes, essa névoa tem um cheiro doce e agradável e através dela é possível ver uma gruta com uma cortina de água que cai de um córrego no alto da gruta. 
                - Fascinante! – Diz Alef impressionado.
                - É melhor entrarmos, pode ser que Aborakius esteja lá! – Diz Izzvenn que caminha cuidadosamente até a gruta, seguido dos outros. Grahan vai por último observando cuidadosamente o local.
                A gruta é pequena e tem cerca de cinco metros quadrados, as paredes são esculpidas com relevos em espirais e curvas e uma piscina de água cristalina se acumulou no centro dela, no meio da piscina uma rocha com uma espada cravada em sua superfície, gravada com uma inscrição em élfico diz:

                Uma dança feia aos olhos da donzela,
                               Porque nela há sangue.
                Uma dança bela aos olhos do guerreiro,
                               Porque nela há sangue.
                Uma dança feia que o fraco não conhece,
                               Uma dança mortal.
                Uma dança suja, mas para o guerreiro honrado ela é sempre limpa!

Aelar lê em voz alta para os demais.

                - Hum! Parece algum tipo de charada! – diz Alef animado, enquanto todos parecem pensar na resposta.
                - Deixe-me pensar também...
                - Bah! Não tenho tempo para charadas! – Nyx senta e abaixa o gorro na altura dos olhos.
                Depois de algum tempo pensando Aelar vai até o pedestal e diz em voz alta:
                - A batalha!
                As inscrições brilham e a rocha quebra, e uma espada suja e muito velha cai na água.
                - Brilhante! – Diz Alef contente segurando a espada: Não parece especial, está tão velha e suja, no fim o mago não está aqui, mas tenho certeza de que esta espada guarda muitas lendas.
                - Parece mundana, mas com certeza não é, e você sabe disso Alef, uma vez na vida não tente ser modesto!
                - Nyx eu nunca consigo te entender! Hahaha! – Alef e Izzvenn riem de Nyx que fica furioso e sai da caverna. Seguido de Grahan e Aelar, sérios como uma rocha.
                - Vamos Izzvenn nobre draconato! És o único com senso de humor por aqui! – Alef e Izzvenn se apressam em sair da caverna.

                Ao sair da gruta os heróis tomam de volta a trilha, conduzidos por Aelar. Ele caminha a passos leves, quase sem fazer barulho mais à frente dos outros. Até que ele pára e faz sinal para que os outros escutem:
                O que ele está fazendo?!- diz Alef.
                Shhhh! – sibila Aelar, que anda agachado pedido para que os outros o sigam.
                Ouçam o som de tambores...
                Aelar está certo. Quando os heróis prendem a respiração conseguem ouvir o barulho frenético de tambores e gritos agudos e rasgados vindos de algum lugar da floresta que só ele sabe de onde vem. Aelar conduz os outros até uma clareira onde há um buraco enorme, neste buraco 12 gremlins vermelhos tocam tambores improvisados com peles de animais e “lâminas de madeira”; eles se organizam em círculos e há uma fogueira grande no centro, onde animais foram assados. Uma névoa púrpura cobre o chão e no alto de uma elevação rochosa uma pedra serve de assento para a bela senhoria Helliot que está nua, em posição fetal cheia de marcas profanas desenhadas grosseiramente na sua bela pele branca como o leite, ao lado dela está um gremlin maior que os outros, ele usa um gorro acinzentado e peles de animais, segura um cajado de carvalho negro com a ponta de uma cabeça de boi.
                Aelar acena para os outros sinalizando uma emboscada e parte: silencioso, rápido e mortal para atacar o primeiro Gremlin que encontra pela frente. Um, dois, três gritos horrendos de dor, um braço uma perna e finalmente uma cabeça! Aelar segura suas espadas gêmeas ensangüentadas fitando firmemente o gremlin mandingueiro. Ao meio de gritos e pragas proferidas pelos gremlins uma luz branca é vista por trás da fogueira:
                -Caia perante a força de Bahamut, bestas malditas! – Izzven acerta sua espada carregada com uma energia branca pulsante num dos gremlins e logo em seguida segura o ar, toma uma posição e sopra uma rajada de chamas que incinera alguns gremlins, fazendo-os gritar de dor antes de perecerem em cinzas. Do outro lado Grahan parte para cima dos gremlins, pára diante deles e ergue sua enorme espada aos céus, ele entoa uma prece baixa e suave e quando os gremlins o cercam para atacá-lo ele simplesmente deixa a espada pender e cair numa direção que rasga o chão, criando uma fissura, desta sai uma luz branca que se divide e serpenteia pelo campo de batalha alvejando dois gremlins que soltam suas facas de cristal enquanto agonizam à sombra da chama prateada que os preenche com vingança de Kelemvor. Logo em seguida Alef entra no campo de batalha brandindo sua espada, e apontando-a para os gremilins, que tentam atacá-lo por todos os lados, mas logo são impedidos por uma voz perturbadora. Alef profere uma canção de poder e seu brado se torna um trovão que derruba seus inimigos, inconscientes ao chão. Nyx corre pela borda do buraco por entre as árvores e aponta sua varinha de carvalho preparando um feitiço. E assim a luta continuou por mais tempo do que o esperado. A cada gesto do gremlin mandingueiro, nasciam mais gremlins, como se surgissem de um portal no meio do nada. E em meio aos gritos de dor da Senhorita Helliot eles se tornavam cada vez mais numerosos.
                -Não vai acabar nunca! – Diz Izzven se aproximando de Aelar.
                -Não vai acabar a menos que o líder deles seja destruído, ele está criando mais gremllins! – Diz Alef do outro lado, quando um clarão púrpura rasga o ar e parece que vai atingir o feiticeiro que num movimento rápido e impiedoso faz um gesto com o seu cajado e o raio atinge um dos gremlins próximos!
                -Maldição! Grita Nyx impressionado – Meus ataques não funcionam, dêem um jeito de atacá-lo corpo-a-corpo! Imbecis! Yeck!
                Os gremilins estão ficando cada vez mais numerosos e agora representam uma grande ameaça aos nossos heróis, eles saltam sobre Aelar, Izzven e Grahan rasgando-os com suas facas de cristal, eles são rápidos e difícieis de acertar quando em maior número, e esses três já estão cansados e sem energia para continuar:
                - Precisamos abrir caminho para o feiticeiro! – Diz Izzvenn ofegante, Alef corre abrindo caminho no meio de um mar de gremlins, usando a canção e a espada, ele também está cansado e diz:
                - Vocês têm um plano?
                - Aelar, Alef e eu iremos abrir caminho para Izzven usar a força de Bahamut no feiticeiro, tenho certeza de que ela o destruirá! – Grahan diz se esquivando dos ataques dos gremlins, acenando a cabeça em sinal positivo. Logo Aelar se põe à frente e começa a saltar por entre as cabeças dos gremlins , pouco antes de cortá-las e seguir à diante usando-as como apoio. Alef levanta o escudo para se defender dos ataques dos gremlins, e os ataca pelo lado direito com golpes de sua espada trovejante! Do lado esquerdo Grahan, confiando e entoando preces sagradas à Kelemvor, imbui sua espada com o sangue dos gremlins, a espada parece se alimentar desse sangue e brilhar com a energia da vingança, partindo os inimigos e abrindo caminho por entre um mar de criaturas vermelhas e sibilantes. Finalmente Izzvenn se resguarda na proteção de seu escudo enorme, entoando uma prece ao Dragão Prateado, a silhueta branca da cabeça de Bahamut brilha em seu escudo enquanto ele caminha vitoriosamente pelo mar de sangue bestial dos gremlins! Quando se encontram a menos de cinco metros de distancia, o feiticeiro grita:
                - Que a escuridão da noite de feéria negra caia sobre vocês! Hahahaha! – Logo uma nuvem negra se forma diante dos heróis e derrama uma chuva de ácido verde e causticante! Aelar tenta esquivar saltando para trás, mas é alvejado pelo ácido que lhe arranca gritos de dor enquanto cai ao chão. Alef se protege em seu escudo, mas não escapa do cheiro ácido deixado pela nuvem que se espalha rapidamente pela clareira! Grahan fica protegido da nuvem por uma espécie de escudo invisível que o circunda e não deixa que a fumaça passe. Nyx olha atentamente toda a situação e auxiliando Aelar e Alef ele atira seus raios mágicos nos gremlins sobressalentes que se aproximam, sedentos de sangue!
                Para o feiticeiro a vitória é quase certa ele ri em comemoração à queda dos heróis, eis que, por entre a fumaça ele enxerga uma luz branca na forma da cabeça de um dragão prateado!
                - Olhe bem para esse símbolo verme maldito, pois nunca se esquecerás dele! No inferno! – Izzven salta sobre o feiticeiro que fita-o atônito, chamas brancas ardentes cercam os dois instantaneamente, Izzvenn o golpeia no meio da testa dividindo-o em duas partes que são consumidas rapidamente pelo fogo branco que se formou.O nobre draconato cai ao chão cansado e com todo o seu corpo quente coberto de fumaça, enquanto os gremlins se transformam em poeira feérica, púrpura e com cheiro doce.

                Alef olha o campo de batalha e seu amigo elfo caído, sofrendo com o ácido, e mesmo muito cansado para se levantar ou falar qualquer coisa consegue reunir forças para cantar uma canção na língua dos seus ancestrais:

Here we stand, swords in hand
Freedom's signs we'll defend
Still we fight, side by side
To the battle we ride

                Esta canção acalma os ânimos dos heróis e ajuda no descanso, quando Alef canta uma nota mais alta, com mais vigor luzes misteriosas cercam os heróis refrescando sua carne, curando seus ferimentos e lhes devolvendo o vigor de outrora. Aelar se levanta seguido dos outros enquanto Izzvenn corre em direção à senhorita Helliot envolvendo seu corpo marcado e ferido entre mantos pesados em seus braços escamosos. Ela ainda está inconsciente, mas parece estar melhor depois da canção de Alef:
                - Ela está bem! Só um pouco ferida, se sentirá melhor quando acordar. E não se preocupem, pois eu a carregarei! – Diz Izzven orgulhoso por ter salvo a pobre donzela.
                - Vamos procurar o mago, precisamos nos apressar! – Aelar corre floresta à dentro, seguido pelo andar calmo e paciente de Grahan, Nyx e Alef conversando e Izzven carregando a senhorita Helliot....

Notas
Queria colocar bastante drama nesse combate com os gremilins, pois eles estavam numa situação problemática tendo que tomar cuidado com a vida da senhorita Helliot enquanto lutavam com uma horda de Gremlins.
Eu gosto muito da idéia dos mínions, eles proporcionam uma experiência nova de jogo, são muito dinâmicos. O grupo estava sem um controlador o que dificultou um pouco (esse é o ponto fraco deles hehe!).
Eu usei uma musica chamada Taranis do Omnia, é muito divertida, porque é como se fosse um ritual de invocação mesmo, com tambores e gritos: http://letras.terra.com.br/omnia/1448915/

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Capítulo 2: Os gremlins vermelhos.



Alef decide contar a Izzven , Grahan e Aelar sua missão de salvar a cidade desse surto de fúria, mesmo contra a vontade de Nyx, o que o deixa nervoso:
-E é por isso que estamos aqui. Somos investigadores e ficamos encarregados de saber o que aconteceu com a praga, tenho certeza que Lady Alice pagará bem, afinal ela é uma Lady. Nyx e eu queremos saber se vocês não querem se juntar a nós... Como um grupo de aventureiros, tenho certeza que as habilidades de vocês são incríveis!
- Eu estou contra tudo o que é maligno e será uma honra juntar-me a um grupo tão nobre! – Anuncia Izzven, colocando as mãos no peito em sinal de honra.
-Por mim tudo bem. – Diz Aelar secamente – Temos negócios a tratar aqui não é mesmo Grahan?
-Absolutamente. – Responde seriamente.

Dia 1 de Tarsakh de 1479 DR – Equinócio de Primavera de Faerûn

O sol acorda nossos heróis com seus raios quentes, é final do inverno e ele começa a aparecer e aquecer as terras do norte timidamente, a chegada do sol anuncia o festival  do plantio e o equinócio de primavera. Os habitantes de Everlund estão tímidos com os acontecimentos recentes e o festival que foi organizado para esse ano foi cancelado, devido aos jovens presos e o medo de acontecer alguma coisa. Os ritos foram reduzidos à individualidade de cada família, templo ou taverna...
Nos salão de entrada da Estalagem Drugnah, construída de madeira com uma bancada e assentos para receber os clientes, os personagens se reúnem:
-Bem meus amigos! Teremos que ir à torre do mago Aborak... Deixe-me pegar o papel... Ah! Aborakius! Dizem que ele pode saber mais sobre essa praga. Mas ele não está lá, fugiu para se tornar um druida na floresta alta. Quem habita a torre é seu pupilo, precisamos encontrá-lo! – Começa Alef com todos os outros no salão, menos Aelar que está parado vendo um anúncio pregado no mural da estalagem.
-O que foi Aelar? – Pergunta Alef.
-Uma tal de Alexia, uma alquimista, precisa de casca de árvore negra para fabricar um estoque de poções, ela paga 40 moedas de ouro pelo serviço. Eu já comi, então irei até lá para acertar os negócios com ela. Você vem Grahan?
-Sim. – Ele responde andando calmamente com Aelar até a saída.
-Então! Iremos à torre?  - Pergunta Alef. Recebendo como resposta um aceno de cabeça de Izzvenn.

As horas se passam junto com o resto do dia, e quando chega a tardinha os personagens se aproximam da torre de Aborákius. A torre tem 3m de uma base rochosa moldada naturalmente, cheia de musgo, com uma escada de madeira em espiral que leva até uma plataforma de pedra onde começa a torre, que tem 18m de altura e vai se afinando até o pináculo, ela tem portas de madeira reforçada e janelas em arco ogival.
- Chegamos, onde será que Aelar e Grahan se meteram... Eles estão demorando!
- Podem estar negociando com Alexia, ainda. – Responde Izzven, que logo é interrompido por Nyx:
-Yeck! Não precisamos esperar por eles. Vamos subir logo!
-Sim! Concordo com o Nyx. Vamos subir.
As portas se abrem quando eles sobem as escadarias, e os heróis se entreolham impressionados. As escadarias vão em direção a outra porta.
-Essa não vai abrir igual à outra? – resmunga Nyx assim que chega à frente da porta e não pode ver através da abertura, que está muito alta.
- Hum! Não sei, vamos bater.  Toc, toc, toc – Alef bate na porta enquanto Izzven fica atento para algum possível perigo, ele nunca esteve na torre de um mago antes.
Passos podem ser ouvidos quando finalmente alguém abre a porta: um garoto aparentando uns 16 anos branco, ruivo, cheio de sardas, vestindo uma roupa azul com chapéu e sapatos pontudos. Ele olha para os personagens assustado:
-O que.. o q... o que vo..vocês estão fazendo aqui?
-Viemos procurar por Aborákius! – Anuncia Alef.
-Hum... ah... – Presto parece não saber o que dizer.
-Porque não nos deixa entrar, para que conversemos melhor? – Sugere Izzvenn
-Ah... Sim! Entrem!
O salão da torre é grande em forma de círculo, abarrotado de bugigangas e apetrechos mágicos e estranhos que congestionam a sala. Uma escrivaninha cheia de pesados livros empoeirados adornam a sala e um corvo está atento observando os personagens que entram cautelosos no salão que aparenta estar vazio, apesar da presença de Presto.
-Como podem ver Aborakius na...não está aqui. Ele se tornou um Druida e agora vive na... Bem! O que vocês querem com ele?
-Queremos saber exatamente o que você ia dizer. –Alef coloca a mão no queixo.
- Queremos perguntar sobre esse surto de fúria que está acontecendo. – Completa Izzvenn. Presto hesita em dizer alguma coisa, o que inflama a ira de Nyx, que puxa o gorro para os olhos em sinal de nervosismo e fica se sacudindo:
- Yeeeck! Vamos! Fale logo! Não seja um maricas!
-Acalme-se Nyx, deixe o senhor Presto pensar. – Alef tenta acalmar Nyx enquanto presto se mostrando assustado diz:
-Aborákius não estava conformado com a vida na cidade. Há alguns meses ele falava coisas sobre maus presságios e decidiu partir para se tornar um druida na floresta alta, ele habita o bosque Lyemberth e faz ocasionais visitas ao povoado de Brinth, depois do rio, especialmente em homenagens ao deus Cernnunnos*. Mais alguma co...co...coisa?
-Não! Era tudo o que precisávamos! Até a vista Presto! – Alef se despede empolgado descendo as escadarias junto a Nyx e Izzven. Este olha para trás:
-Obrigado. – Diz ele cordialmente para Presto, que acompanha os heróis com os olhos atentos e preocupados...

Eles encontram Aelar e Grahan no caminho de volta, durante a noite.
-Já negociamos com Alexia, não conseguimos aumentar o preço da recompensa, mas vamos para a floresta amanhã ao raiar do dia, colher as cascas de árvore. Falaram com o mago? – Pergunta Aelar.
- Sim! Quer dizer, com o aprendiz dele, Presto. Ele nos disse que o mago foi viver como druida no bosque Lyemberth, na floresta alta. Aproveitaremos tudo, enquanto estamos procurando por ele no bosque vamos colher as cascas de árvore que precisamos para dar a Alexia. – Responde Alef.
- Ela precisa deles para fabricar um conjunto de gelo alquímico, que estará disponível para venda depois – Completa Graham.
-Estou com sono! – resmunga Nyx.
-Acalme-se pequenino, logo estaremos na estalagem e dormiremos – diz Izzvenn que é logo interrompido por Alef:
-E faremos uma deliciosa refeição! Passei o dia todo andando pela cidade, estou faminto!

Dia 2 de Tarsakh de 1479 DR – Primavera de Faerûn e dia do festival do plantio.

Ao amanhecer o clima na cidade é de tristeza, as ruas que normalmente estariam em festa por causa do festival do verão estão sem cores, sem vida, sem movimento. Os heróis acordam, se alimentam, se vestem e partem para o vilarejo de Brinth, que fica do outro lado do rio Rauvin.
Depois de atravessarem a ponte da cidade os heróis chegam ao vilarejo de Brinth. Podemos contar nos dedos quantas construções existem em Brinth, dez: uma taverna (o jarro e a taça), uma torre de pedra com a roda de moinho, e mais outras oito casas de pedra com telhado de palha, que cercam um espaço no centro do povoado onde há um poço. Parado de frente para a vila está um velho com roupas sujas com uma expressão preocupada olhando de um lado para outro como se esperasse alguém.
-Vê aquele velho. Podemos perguntar a ele o que aconteceu com o mago, ele deve ser o ancião da vila – Alef se apressa e fala para o ancião:
-Senhor ancião, deixe-me apresentar! Sou Alef Drake viajante! Eu e meus amigos procuramos por Aborákius um druida que agora vive no bosque Lyemberth, o senhor o viu?
-Ah não vi! – responde o velho, como se estivesse apressado e nervoso.
-Ele está com algum problema, parece nervoso e inquieto – Grahan sussurra quase para si. Izzvenn vai até o senhor e diz:
- Está precisando de alguma coisa senhor? Parece-me preocupado...
-Sim responde o senhor olhando para o horizonte, eu tenho um problema, estou preocupado com minha filha a senhorita Helliot. Eu temo que ela esteja perdida na floresta com essa praga, os animais estão morrendo e não conseguimos vender nada para a cidade, são tantos os problemas que não consigo ficar em casa parado, mas sou muito velho para ir até a floresta procurar minha filha.
-Quanto a sua filha fique tranqüilo, nós estamos indo para a floresta e me comprometo a trazê-la sã e salva. – Diz Izzvenn colocando as mãos no peito sobre a armadura, fazendo os velhos e enrugados olhos do senhor encher d’água.
-Não sei como agradecer, fariam mesmo isso por mim!? – Diz ele emocionado.
-Espere! Você disse que os animais estão morrendo? – Aelar se aproxima e questiona.
-Sim, deixe-me explicar melhor. Venham comigo...
Os heróis o seguem até um pasto cercado onde animais com as bocas sujas de uma tinta roxa exalando um cheiro doce, estão mortos:
-Meu nome é Gerno. Há dois dias os animais estão aparecendo assim, espiei durante a noite e vi criaturas feias menores que um hin**, vermelhas, carecas com dentes afiados e eles seguravam facas de cristal. Pela manhã senti um cheiro muito bom, quando fui ver o que era encontrei os animais assim, e eles continuam até hoje. Ontem minha filha desapareceu e eu não sei o que fazer, Aborakius deveria estar aqui hoje pela manhã, mas ele não veio, estou esperando ele para começar a cerimônia do festival do plantio...
-Velho tolo! Essas criaturas são gremlings vermelhos***, eles vivem em Feéria Escura e são servos dos drow e fomorianos. – Diz nyx nervoso.
-Hum! Já li a respeito no Forte da Vela!Os gremilins vermelhos se reproduzem de maneira assombrosa, e já nascem prontos para servir, por isso os fomorianos os criaram fazendo experimentos com gnomos. Eles devem ter se libertado da servidão em Feéria escura... Mas como?
-Não temos tempo para especulações, precisamos ir até a floresta, muito os aguarda lá. – encerra Grahan.
-Salvaremos sua filha. Não se preocupe senhor Gerno e desculpe-nos pelo Nyx, é o jeito dele.
Eles partem para o sul, e Aelar vai por último atento a tudo, observando cada detalhe do ambiente ao seu redor, sem chamar a atenção dos demais...

Os personagens caminham pelas planícies verdejantes e uma fina chuva começa a cair. As árvores da paisagem vão se tornando cada vez mais freqüentes e num piscar de olhos, eles entram numa floresta densa e escura, cheia de amoreiras e carvalhos com galhos retorcidos, alguns são tão antigos que seus galhos dão voltas em espiral penetrando e cortando toda a floresta. A grama é baixa e os arbustos com flores em tons de roxo já começam a nascer anunciando a primavera, um cheiro muito doce exala no ar, silvos e cantos como os de vozes doces podem ser ouvidos distantes.
-Esse lugar é estranho – Diz Izzven incomodado.
-Um pedaço do reino de Feéria nesse mundo – Diz Aelar agachado ao chão procurando alguma coisa.
-Sem dúvida um local fascinante! Digno das mais belas poesias... Até um ogro se inspiraria aqui... – diz Alef contemplando a floresta.
-Deixe de ser exagerado bardo! Você deveria estar acostumado a isso, seu povo vem daqui, ou pelo menos metade da sua família – Diz Nyx que ri sozinho.
Por aqui! – Aelar corre floresta à dentro sendo seguido calmamente por Grahan:
-Vamos, ele achou o caminho.

Seguindo Aelar os pjs são levados até uma clareira cortada por um precipício de 4,5m de uma ponta a outra, unidos por uma ponte de corda e madeira velha. Logo uma fumaça densa rosada e um cheiro muito doce e perturbador podem ser sentidos, assim como o som de gargalhadas agudas.
-O que é isso?! – diz Izzvenn desembainhando sua espada e brandindo seu escudo.
-São eles! Os gremilins vermelhos, esse cheiro é característico deles! Meus amigos, cuidado! Saquem suas armas! – Alerta Alef em tom poético.
Depois que a fumaça se desfaz seis criaturinhas pequenas vermelhas e agitadas surgem diante dos heróis, quatro delas seguram facas de cristal e usam tangas de pele de coelho e as outras duas seguram lanças com ponta de cristal amarradas em um bastão de carvalho.
-Vieram perturbar nossa liberdade! Ounsh! YeeecK! Acabem com eles!
Aelar saca o arco e atira rapidamente duas flechas, uma delas acerta o pé do gremilin que explode em sangue fazendo-o cair da ponte de madeira. E com a rapidez de um gato ele saca as espadas, pronto para o perigo iminente.
Nyx inicia a preparação de algum feitiço, ele entoa uma canção baixa e murmura consigo mesmo segurando sua varinha firmemente.
Alef aponta a espada para um dos gremilins na ponte e grita: “Caia criatura das trevas!”, ao ouvir isso a criatura parece ser atingida por um aríete, seus ouvidos sangram e ela cai da ponte gritando. Aelar empunha firmemente sua espada e corre para a ponte.
Um dos gremilins avança para atacar Alef, que corre com a adaga na mão em direção a ele e ao invés de atacá-lo salta sobre ele caindo do outro lado do precipício sendo recebido por um poderoso golpe de espada de Graham, que ao entoar uma prece baixa faz sua espada brilhar desintegrando o gremilin. Outro gremilin sorri na outra ponta para Alef e ele sabe que o perigo se aproxima, o gremling esta cortando as cordas da ponte para derrubá-la, quando Alef vira para trás para tentar escapar, a corda arrebenta e ele cai segurando a ponte, ouvindo a gargalhada do gremilin.
Izzvenn toma impulso numa corrida saltando o precipício: “Queimem com o sopro sagrado de Bahamut!”, a espada dele é inflamada por um fogo branco e ele acerta um dos gremilins, queimando-o. O gremlin lanceiro se apressa para vingar seu companheiro e atacar Izzvenn para tentar derrubá-lo do precipício, quando Nyx grita apontando a varinha: “Que as trevas de minha mente tornem-se veneno no seu corpo!” e a cabeça do gremlin incha e explode antes que ele consiga atacar Izzvenn.
Grahan ajuda a subir Alef, que só sofreu alguns arranhões, Izzvenn salta sobre o precipício carregando Alef e Nyx, enquanto Aelar e Grahan já estão do outro lado.
-Existem mais deles, devemos prosseguir com cuidado – Diz Aelar caminhando floresta adentro...

NOTAS

*Decidi mudar o nome de Silvanus, pelo menos no vilarejo. Cernnunnos aqui é igual o da mitologia céltica: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cernuno - Gosto de fazer isso, pois sempre achei Ferûn um mundo muito ligado aos deuses . Na 4 ed. eles reduziram drasticamente o número de deuses e não gostei disso.
** Hin é o termo usado em Ferûn para designar os Halfling (hobbits) .
***Inventei os Gremlins vermelhos e usei as estatísticas de góblins para variar um pouco. Inclusive a ecologia deles, portanto nenhuma informação (pelo menos até onde eu conheço) não pode ser encontrada em lugar nenhum.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Capítulo 1: A união dos heróis e o primeiro problema
Noite do dia 30 de Ches de 1479 DR – Inverno de Faerûn

Depois de saírem do castelo e de tomarem conhecimento dos problemas de Everlund Nyx e Alef pegam o caminho até a taverna, durante o caminho que fazem pela cidade começam a perceber como Everlund é bonita, a cidade tem ruas agradáveis e arborizadas, as casas são de pedra , suas paredes são baixas e canteiros para flores se espalham por todo o lugar (quando a primavera chegar eles estarão muito bonitos), os telhados são em forma de triângulo levemente côncavo o que dá um aspecto bucólico e pitoresco às construções de Everlund. A cidade é cortada por muralhas de pedra de 6m de altura com guarnições a cada Km de extensão, um ou dois guardas fardados com a armadura vermelha e estrela dourada, símbolo de Everlund, podem ser vistos nos bairros mais abastados. Ao caminharem pela avenida Denmarck eles se deparam com um monumento fantástico! A estátua de Elizabeth Denmarck, a avó de Lady Alice, que morreu nas batalhas contra os druidas que governavam a antiga Vila do Amanhecer (hoje Everlund). Eles atravessam os portões das muralhas do distrito do Ouro Verde, e passam para o distrito da Caneca Rachada, quando sua visão muda completamente, as casas tem a mesma graça da dos outros distritos, contudo são mais apertadas e as ruas são bem mais estreitas, não há ninguém nas nelas... É nesse cenário misterioso que Nyx e Alef vêem uma coisa muito estranha: Vultos rápidos com formas humanas saltam de casa em casa, seriam gatos! Se não fossem tão grandes e assustadores.
-Nyx! Viu isso! – diz Alef se sentindo estranho.
-Vi sim! Não sou cego! Devem estar nos seguindo, Grsh! Como se eu não tivesse problemas o suficiente para uma noite! Yahrg!
-Precisamos nos apressar! Onde é a taverna de Mama Diah!?
-Não sei! VOCÊ é o menestrel! Conhece tudo! Consiga uma solução depressa!
-Está bem. Pelo que está no pergaminho é virando esta rua, descendo a terceira escadaria, virando a esquerda, descendo a primeira à esquerda, pegando à dir...
-CHEGAMOS! – grita Nyx num surto de animação.
A taverna de Mama Diah é uma construção de pedra antiga com dois andares e uma torre cônica e larga. É espremida por duas outras construções, uma casa, e do outro lado um Depósito de grãos. Ao chegar perto da taverna um cheiro doce de comida pode ser sentido, e as luzes e o som (ainda que  tímido) da música primitiva* ecoam no recinto.
-Finalmente! – Alef respira aliviado e dá uma ultima olhada para trás enquanto Nyx entra na Taverna:
-O cheiro é maravilhoso, FOME! – Grita....

A taverna de Mama dia é espaçosa e cheia de tapetes. Um grande Lustre com “2 andares” de velas queimam iluminando os salões animados com a música e as altas gargalhadas. Crianças, velhos, mulheres e homens simples lotam a taverna com suas roupas de camponês e sua expressão de quem já trabalhou muitos anos, mas vivem muito felizes. Três figuras estranhas podem ser notadas: um elfo de cabelos verdes preso num rabo de cavalo, vestido com mantos verdes esfarrapados, forte e com cara de poucos amigos está sentado logo à frente da porta junto a uma criatura muito mais estranha: um homem muito alto, e forte com uma espada enorme nas costas, com um manto vermelho que lhe cobre a cabeça, permitindo que apenas a luz de seus olhos brilhantes seja vista de seu rosto. Ele usa um medalhão dourado com o símbolo de Kelemvor (uma mão esqueleto segurando uma balança, ele é o deus da justiça e ódio conta mortos vivos), ele não bebe nada e está de braços cruzados olhando para o nada. A terceira criatura é de causar arrepios, ainda mais estranha que Nyx e esses dois indivíduos juntos! É vermelho, grande, forte, possui dentes, escamas escarlates e garras afiadas em mãos poderosas que não param de segurar uma espada com o símbolo de um dragão prateado circulando a empunhadura (se você imaginou um homem com cauda, garras e cabeça de dragão, imaginou certo!). Ele está sentado no canto dos Salões e parece sempre muito bravo e não para de olhar para Nyx e Alef. Toda essa visão é interrompida de súbito por uma mulher branca com bochechas e nariz rosados e brilhantes, enormes olhos azuis e um grande sorriso que lhe cobre a face inteira:
-UOH! Boa Noite!  Senhor, em que posso serrrvi-la? Mama Diah, aos seus serrrrviços! Huh! Oh! Que criaturinha mais ... am... er... mais... engrrraçadinha! Mama Diah aperta as bochechas de Nyx, que faz uma cara de desapontamento:
-Da próxima vez que essa gorda velha fizer isso eu a mato com o veneno de Mil escorpiões! – ele resmunga.
-Tenha modos Nyx! Ela só fez carinho em você! – Sussurra Alef, cutucando Nyx com o cotovelo.
-Yargh! Velha! E você bardo, não me dê ordens!
-Sim! Oh! O que vão comerrr?! Ou vieram dormirrr!? O que vai serrr?!
Olhando a situação O elfo cochicha com seu companheiro:
-Que coisa mais estranha esses dois, não acha Grahan?
-Sim Aelar, eles estão fora do conceito das outras pessoas dessa vila, um para mais e outro para menos.
-Você quer dizer o bardo se comporta como um nobre, e o gnomo como um verme peçonhento, não é mesmo?
-Absolutamente. – responde Grahan de Maneira séria.
Nyx corre para um mural cheio de papéis pregados na parede, na mesa perto do homem dragão, enquanto Alef negocia uma mesa, comida e bebida para ele e Nyx. As pessoas olham para Nyx com um misto de espanto e comédia. Ele chega perto do draconato e vira a cara, num tom de desdém. O draconato se espanta, mas mantém a pose. Enquanto Nyx que é muito pequeno, se sente incomodado por não conseguir ler as mensagens no mural.
-Quer ajuda? – Diz o draconato tentando ser amigável. E antes que Nyx pudesse dizer alguma coisa, ele o suspende pela cintura na altura dos papéis.
-Consegue ler agora? – diz o Draconato com uma voz rouca e baixa.
-Não preciso da sua ajuda! Yahrg! – resmunga Nyx se debatendo em sinal de nervosismo.

-Ele é mesmo muito estranho... – salienta Aelar olhando disfarçadamente de sua mesa e esboçando um sorriso.
-Vê a varinha de carvalho negro em sua cintura? – Observa Graham.
-Sim, por quê?
-Ele manipula poderes obscuros, não se deixe enganar pela sua aparência frágil, o mesmo digo do outro que veio com ele. Eles são arcanos, não sei dizer o tamanho de seu poder, mas é melhor ficarmos atentos quanto a eles...

-Izzvenn Barash é meu nome, senhor...? – Pergunta Izzvenn tentando ser educado
-Não perguntei seu nome! Me solte! – Nyx se debate nervoso, então Izzvenn o coloca no chão aplacando sua fúria. Alef se aproxima de Izzvenn dizendo:
-Perdão pelo Nyx, é o jeito dele. Muito prazer senhor draconato, me chamo Alef Drake, sou o bardo!
-Meu nome é Izzvenn Barash do clã Barash de Thymanter. Sou paladino de Bahamut e viajante. É uma honra conhecê-lo.
-A honra é toda minha Izzvenn! – Diz Alef sendo cordial quando Nyx interrompe:
-Deixem disso! Yeck! Vocês não estão vendo, estão pagando para alguém ir à floresta e trazer de lascas de um carvalho negro para poções mágicas.
-Não temos tempo para isso Nyx! Estamos numa missão importante! – Alerta Alef.
-Que missão? Pergunta Izzvenn.
-NADA! – grita Nyx chamando a atenção. Ele olha envergonhado e cochicha com Alef:
-Não podemos falar disso! Yiek! É secreto! Secreto!
-Certo Izzven, porque não se junta conosco para uma refeição. Ali poderemos conversar melhor, não acha?
Alef, Nyx e Izzvenn sentam-se numa mesa perto da de Grahan e de Aelar, quando Mama Diah vê que a bebida deles acabou:
-Hum! Senhorrr Aelar e Senhorrrr Grahan desejam mais algum coisa?
-Não senhora.  Diz Aelar, Mama Diah senta-se à mesa deles:
-Oh! Viram aquele drrraconato? É de meter meda non!?
-Er... Antes que Aelar pedisse gentilmente para Mama Diah deixá-los em paz. Ela retorna a falar:
-Oh! Hum! Eu serrr um grrrande aventurreirrra aposentado e viver nesse taverna... vivi muitos aventurrras... combati drraagões imensas!!!!! Subi em castelos aterrorrrizantes!!!! E desci... – E Mama Diah continua a falar como se não houvesse amanhã... Deixando Grahan e Aelar constrangidos. Enquanto isso um garoto loiro e gorducho questiona a existência de Nyx e Izzvenn:
-Nossa você é mesmo um homem dragão vindo do oeste? E isso ai em cima da mesa é mesmo um gnomo?! Você nasceu de um ovo? Ele é algum tipo de goblin ou outra criatura medonha e pequena?
-Yeeeeck! Maldição! – Nyx puxa o gorro de modo que cubra seu rosto, ele está furioso... 

Já é noitinha, quando a porta da taverna é escancarada! Um vento frio entra pela porta apagando as velas deixando a sala na penumbra com a luz da lareira, junto ao vento surge uma jovem camponesa conhecida dos freqüentadores da Taverna.
-Oh! É apenas o Felícia... Felícia?! – indaga Mama Diah surpresa.
A garota está diferente seu semblante é de ódio, seus olhos possuem uma fúria descomunal, ela parece demasiado forte para uma adolescente e em sua mão ela segura uma tocha.
- Aaaaargh! A garota urra, com uma voz gutural, enchendo todos da taverna de medo, eles ainda tentam chamar pelo seu nome numa vã tentativa de recobrá-la de sua fúria. Felícia segura uma criança pelo pescoço e tenta enforcá-la, mas logo é impedida por Aelar que com reflexos de uma raposa salta em sua direção tentando agarrá-la, mas antes que pudesse fazê-lo... Tarde de mais! Felícia arremessa a tocha nos barris de vinho e um incêndio tem início! Rapidamente todos começam a sair da taverna em pânico, pelas janelas, porta e até pela despensa.
-Rápido! Por aqui! - Grita Alef se juntando ao Draconato para evacuar a taverna.
-Sejam rápidos! Com calma! Sem pânico! – Izzven tenta acalmar os clientes em pânico enquanto tenta organizar a situação.
Aelar segura firme a garota, mas ela está muito forte e quase o arremessa no chão quando Grahan chega para tentar segurá-la também! Ela grita e se debate enquanto é retirada por Aelar e Grahan da Taverna, eles a seguram e a amarram com uma corda bem firme. Todos já estão fora da taverna e olham aterrorizados o fogo consumir a taverna. Logo curiosos chegam de vários lugares para observar e perguntar o que aconteceu. Nessa hora Nyx já se encontra protegido próximo de Aelar, Grahan. Enquanto Alef e Izzvenn chegam:
-Todos estão bem?! – Pergunta Alef.
-Suponho que sim. – Responde Grahan. De repente, um choro de bebê seguido de um grito são ouvidos do andar de cima da taverna.
-Não pode ser! Tem alguém em perigo! – exclama Alef surpreso e antes que pudesse dizer outra coisa Aelar já está correndo para o perigo flamejante, seguido de Izzvenn.
-Ei! Gnomo! Fique aqui e mantenha os olhos atentos na senhorita Felícia – Diz Grahan calmamente.
-Detesto que me dêem ordens! Targh!
-Pare de resmungar Nyx! Eu também vou ajudar! – Exclama Alef Apressando-se e seguindo Grahan com um pouco de receio.
Dentro da taverna os gritos da mulher e seu filho se tornam cada vez mais ecoantes nos corações dos nossos heróis, num ímpeto de coragem, possuindo habilidades ou não eles estão se arriscando no calor de um incêndio.
Aelar usa sua perícia de elfo, seus pés leves e seus reflexos poderosos para ajudá-lo a escapar de ocasionais toras de madeira incandescente que caem do telhado, ele escapa com agilidade até saltar e se esquivar por entre os obstáculos flamejantes, tentando suportar um calor infernal chegando até o corredor dos quartos. Ao mesmo tempo Izzvvenn salta sobre as escadas e as toras que identifica como as mais fortes, para que aguentem seu peso, quando está entre a escadaria e um buraco, o qual deve saltar, ele consegue ver vultos saltando pelo telhado da taverna, embora ache tudo muito estranho ele chega onde Aelar está, e atento para ouvir a voz do garotinho identifica o som vindo dos quartos do fundo do corredor.
-Elfo! Por ali! –Ele grita para Aelar que imediatamente chega ao quarto com Izzvenn. Uma tora de madeira em chamas divide nossos heróis das duas vidas que não devem se extinguir agora.
Enquanto isso, Alef e Grahan vendo que não é possível subir, tentam apagar o fogo nas escadas suportando um calor enorme, para abrir caminho para Izzven e Aelar passarem de volta.
-Temos que abrir caminho para Izzven e Alef! Precisamos de Água! Precisamos apagar o fogo!  Ela deve ter um estoque, um barril... Qualquer coisa que tenha muita água...
-Eu procurarei!  - diz Grahan calmamente apesar da situação.
-E eu usarei o que tenho de melhor para essa situação! – diz Alef se dirigindo para fora:
-Ó povo de Everlund, não fiqueis parados aí! Movam seus corações para uma pobre mulher que vai perder seu filho! Ajudem tragam água de onde puderem! – os curiosos logo se apressam em pegar água. Grahan usa água da taverna enquanto Alef usa água dada pelas pessoas na rua, assim eles conseguem conter o avanço do fogo, logo a taverna cairá e nada restará da taverna de Mama Diah, que só consegue gritar e praguejar desesperada lá fora:
-Maldiçon! Meus investimentos!!!!

Aelar e Izzvenn estão em apuros logo eles morrerão junto com a mulher e seu filhinho inocente, ainda de colo. Apenas alguns minutos se passaram e Aelar num impulso de coragem salta por cima da tora, apoiando seus pés na mobília quebrada que se parte com o leve impacto dos seus pés de elfo. No ar ele segura o que pode: o menino, que a mãe segurava rente a janela para que ele possa respirar, ele segura o menino, atravessa a janela, derrapa e salta pelo telhado caindo em pé, como um gato ao chão se agachando para proteger o menino de colo que chora num surto de vida e inocência.
-Agora posso morrer em paz, irei para o lado de meus antepassados, que meu filho seja bem cuidado! – Proclama a mulher em pranto, ao ver àquela cena, Izzvenn desembainha sua espada e num grito à Bahamut ele parte a tora flamejante ao meio penetrando nas chamas remanescentes heroicamente, envolvendo a mulher muito debilitada em seus braços com o escudo de modo que ela não se queime e volta dando um salto para onde Grahan e Aelar estão com baldes d’água evitando que o fogo se alastre ainda mais. Ele corre para fora da taverna que começa a tremer.
- Rápido! Precisamos sair daqui, está pegando fogo! Vai cair! Vamos companheiro! – Exclama Alef se referindo a Grahan por não saber seu nome.

Do lado de fora as pessoas gritam e aplaudem o ato heróico. Em meio àquela agitação toda, a mulher se aproxima de Aelar que lhe entrega o Bebê.
-Não sei como agradecer o seu heroísmo – Diz a mulher chorosa e feliz com o choro do seu bebê.
-Não agradeça! Não há recompensa melhor do que seu filho e você, é claro, com vida. Izzven acena com a cabeça aprovando o comentário de Alef. Nyx se aproxima:
- Você poderia nos dar algo de valor em troca do seu bebê, dinheiro sempre é bem vindo e vai nos ajudar a ajudar outras pessoas. Shriek! – A mulher tira um anel de ouro das mãos, quando é interrompida pelo gesto de Izzvenn que coloca suas garras sobre as mãos delicadas e pequenas da mulher, ela olha para ele e Aelar, e diz:
- É o mínimo que posso fazer por terem salvado meu bebê.
-Isso mesmo! É o mínimo! – diz Nyx nervoso.
- Absolutamente, não! – diz Grahan colocando um ponto final na discussão. A mulher faz uma reverência e agradece aos heróis mais uma vez, antes de partir. Mama Diah lamenta a perda de sua taverna chorando muito.
-Meu taverna! Arruinado! Arruinado! Que o veneno de mil dragões verdes recaia sobre o garganta de Felícia!
-Ela não tem culpa de nada estava, sobre domínio da fúria mágica. – diz Alef tentando acalmá-la.
Grahan, Aelar, Nyx e Izzvenn se aproximam de Alef.
-O que seria essa fúria mágica? – indaga Aelar
-Eu explico, acho que depois de hoje vocês merecem saber de tudo. – Diz Alef deixando Nyx furioso.
              A noite se estende longa e fria, mas o inverno está se despedindo. Logo chega a primavera e com ela mais histórias de heroísmo.


*Música celta, é muito legal. Procurem por Omnia e Faun, são as bandas que eu conheço e uso nas sessões*